Colunistas - Rodolfo Bonventti

Uma superprodução da Excelsior que começou a mudar nossa teledramaturgia

23 de Maio de 2012


Em novembro de 1966, a TV Excelsior brindava suas telespectadoras noveleiras com uma das produções mais bem feitas da televisão brasileira, "As Minas de Prata", uma adaptação da mestra Ivani Ribeiro da obra de José de Alencar, dirigida pelo sempre competente Wálter Avancini.

"As Minas de Prata" foi a primeira novela a se preocupar com uma reconstituição de época perfeita em termos de cenários, figurinos, linguagem para a época em que se passava a história, e também a primeira a trazer um elenco grandioso, já que até então as produções envolviam, em média, 15 atores. A novela duplicou esse número com um elenco de peso formado por 32 atores.

Primeira novela histórica de Ivani Ribeiro, ela contava a história de um jovem que procurava o exato local das minas de prata localizadas pelo seu pai um pouco antes de morrer. Só a riqueza advinda dela poderia fazer com que ele desposasse a mulher por quem se apaixonara, filha de um nobre.

Com "As Minas de Prata", além de valorizar um texto genuinamente nacional, em contrapartida às inúmeras adaptações de textos dramáticos latino-americanos que vinham ganhando corpo na teledramaturgia brasileira, a TV Excelsior mostrou que mesmo com poucos recursos, era capaz de fazer uma superprodução nos mesmos moldes do cinema norte-americano.



Na cidade de São Bernardo do Campo foi construída uma réplica da cidade de Salvador no século XVI, e o tratamento dado às gravações era de cinema. Cenários como o de um convento jesuíta, de sete ou oito casas típicas e a reconstrução da Praça da Sé foram fundamentais para que a novela se transformasse em uma produção das mais importantes na história da teledramaturgia nacional.

Armando Bógus, Regina Duarte, Fúlvio Stefanini, Paulo Goulart, Carlos Zara, Maria Isabel de Lizandra, Renato Máster, Suzana Vieira, Procópio Ferreira, Arlete Montenegro, Yvan Mesquita, Vera Nunes, Rogério Márcico, Sonia Oiticica, Henrique César, Stênio Garcia, David Neto, Lídia Costa, Silvio Francisco, Geraldo Louzano e Riva Nimitz eram alguns dos grandes nomes que compunham o elenco da novela.

Uma curiosidade em relação ao elenco era a presença de Glória Menezes vivendo uma feiticeira, a Zana, que tinha importância na história, mas não era uma das principais personagens femininas da novela. A atriz se descobriu grávida e teve que deixar a novela no segundo mês de exibição, sendo substituída por Lídia Costa. Como ela aparecia com o rosto sempre coberto por muita maquiagem, muitas telespectadoras nem perceberam a troca entre as atrizes.

Um grande sucesso dos anos 1960 e da TV Excelsior, e que tem seu lugar reservado entre as melhores produções que a nossa teledramaturgia já exibiu.

E na próxima semana: um homem de sapato branco criou polemica na TV Cultura.
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