Colunistas - Rodolfo Bonventti

A teledramaturgia da Record liderava o horário com As Pupilas do Senhor Reitor

5 de Junho de 2013



Depois de algumas tentativas na área da teledramaturgia que não renderam em audiência e prestígio aquilo que a TV Record esperava, a emissora paulista acertou na mosca em 23 de março de 1970, quando lançou "As Pupilas do Senhor Reitor", uma bem sucedida adaptação de Lauro César Muniz, que vinha da TV Excelsior, para o romance clássico português de Júlio Diniz.



Com uma produção impecável comandada por Nilton Travesso e a direção segura de Dionísio Azevedo (1922-1994), que também interpretava o padre Antonio ou melhor, o reitor do título, "As Pupilas do Senhor Reitor" era uma aposta no romance de duas jovens portuguesas por dois irmãos, um deles um médico recém formado, que voltava a sua terra para substituir o velho médico do lugar e trazendo novidades de Lisboa para mexer com a calma e a tranquilidade da pequena aldeia.



A história dos dois casais com seus encontros e desencontros conquistou o público paulista que rapidamente passou a acompanhar a novela, que era exibida às 19h. O sucesso foi tanto que Lauro César Muniz precisou espichar a telenovela que acabou ficando um ano no ar, só encerrando sua saga em 6 de março de 1971, com índices que colocavam a emissora, nos últimos meses da novela, em primeiro lugar na capital paulista.
A novela também entrou para a história por um briga célebre provocada pela atriz Geórgia Gomide (1937-2011), a intérprete da pupila Clara, que no segundo mês de gravação brigou com o diretor da novela e com a direção da emissora e exigiu ganhar mais para continuar gravando. Como a emissora não aceitou reajustar o seu salário, Geórgia abandonou a novela, uma atitude da qual ela se arrependeria anos depois, e assim teve que ser substituída às pressas pela atriz Maria Estela, que brilhantemente defendeu o papel até o final da história.



Com a saída de Geórgia quem saiu ganhando foi Márcia Maria (1944-2012), a intérprete da outra pupila, a Margarida ou Guida, que passou a ser o primeiro nome feminino da história, fazendo par romântico com o médico Daniel das Dornas, interpretado pelo cantor Agnaldo Rayol. A empatia da dupla conquistou as telespectadoras, e a beleza e o talento de Márcia Maria transformaram a jovem atriz em uma das grandes estrelas da emissora a partir dessa novela.

O sucesso da novela também estava na perfeita escalação do elenco, que reuniu um grupo de atores de alto nível. Os casais centrais eram interpretados por Márcia Maria e Agnaldo Rayol e por Geórgia e depois Maria Estela e Fulvio Stefanini. O Senhor Reitor, que criava as duas pupilas, era vivido brilhantemente por Dionísio Azevedo e completavam o grande elenco: Rogério Márcico, Sérgio Mamberti, Laura Cardoso, Carlos Augusto Strazzer, Lolita Rodrigues, Ivanise Senna, Rolando Boldrin, Reny de Oliveira, Lia de Aguiar, Cláudio Mamberti, David Neto, Edy Cerri, Newton Prado, Antonio Ghigonetto, Linda Gay, Lucy Meirelles, Oscar Thiede, Célia Rodrigues, Henrique César, Roberto Bolant, Néa Simões e Hebe Camargo como a cantora Magali do Porto.



O LP com a trilha sonora da novela, defendida por Agnaldo Rayol, Hebe Camargo (1929-2012) e alguns atores da própria novela, foi também um sucesso de vendagem para a época e ficou várias semanas entre os cinco mais vendidos na cidade de São Paulo

E na próxima semana: os incêndios que destruíram a nossa memória.

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