Cultura - Teatro

Frida Kahlo – A deusa tehuana, volta ao cartaz dia 17 de janeiro, no Teatro Maison de France.

3 de Janeiro de 2020

Com direção de Luiz Antonio Rocha e atuação de Rose Germano, monólogo mergulha em aspectos mais íntimos e menos explorados da personalidade da pintora mexicana

Quem foi Frida Kahlo longe dos holofotes, na vida particular, sem estereótipos? Desta pergunta partiu a investigação para a montagem do espetáculo ‘Frida Kahlo – A deusa tehuana’, que desconstrói o mito para falar da mulher. Com direção de Luiz Antonio Rocha, atuação de Rose Germano e texto escrito pela dupla, o monólogo, que estreou em 2014 com sucesso de público e crítica, volta ao cartaz, a partir de 17 de janeiro, no Teatro Maison de France, no Centro. Na época da estreia, o espetáculo ganhou a capa do principal jornal do México, o El Universal, e foi destaque nas emissoras de TV do país.

A peça é livremente inspirada no diário e na obra da pintora mexicana, artista que ultrapassou a popularidade adquirida com seu trabalho e tornou-se sua melhor arte. Frida Kahlo pintou sua própria face um sem número de vezes no corpo de uma obra intensamente autorreferenciada. Teatralizou a sua própria existência, foi a expressão maior de luta e superação mesmo trazendo consigo as maiores dores – físicas e existenciais. No lugar do luto, vestiu-se de cores.

Diretor de extrema sensibilidade e colecionador de sucessos em espetáculos como “Uma Loira na Lua”, “Eu te Darei o Céu”, “Brimas” e “Paulo Freire, o andarilho da utopia”, Luiz Antonio Rocha conta que todo o processo do monólogo partiu do corpo da Frida.  “A gente ficou um mês tentando descobrir como seria o corpo de alguém que fez mais de 30 cirurgias, que tinha dores e tomava morfina para sentir alívio; e que também teve pólio. Era uma mulher que certamente tinha dificuldade em caminhar, mas, nas nossas pesquisas, vimos que as atrizes não costumam levar em conta esse aspecto na hora de caracterizá-la nos espetáculos”, explica. “A gente foi por outro lado. Fugimos do corpo cotidiano e trabalhos suas limitações e, a partir daí, fomos descobrindo a história que aquele corpo tinha para contar”.

Atriz com formação em Artes Cênicas pela UniRio e Cinema pela Universidade Estácio de Sá, Rose Germano sempre procurou aprofundar a sua arte e conduzi-la para um teatro de referências. Mergulhou no universo de Shakespeare, Brecht, Plauto, mas foi em ‘Frida Kahlo – A deusa tehuana’ que a atriz encontrou o seu grande desafio. Ao falar sobre o que a inspirou a viver Frida Kahlo no teatro, Rose Germano comenta que “há uma similaridade entre as culturas mexicana e brasileira, especificamente a nordestina, em que estão as minhas raízes. Sou de Riacho do Meio, uma cidadezinha do interior da Paraíba. Foi aí que me inspirei, nesse povo guerreiro, nas histórias de mulheres cheias de vida e coragem.”

A atriz destaca ainda a importância de falar sobre a artista hoje. “O grande destaque está na autenticidade da mulher à frente do nosso tempo. Ela é a desmedida das coisas, está fora dos padrões estabelecidos. Viver Frida é encarar a vida e a morte com a mesma grandeza.”

Uma Frida mais humana

Tudo de mais óbvio sobre a trajetória de Frida foi excluído da dramaturgia. “Queria justamente algo que não estivesse nos registros oficiais da história, que mergulhasse no sentimento mais profundo de uma mulher que queria ser mãe e não conseguiu, que era frágil e, ao mesmo tempo, forte e determinada. Colocamos o inédito, o que as pessoas sequer imaginam, como a sua relação com os médicos e a descoberta da colecionadora de arte Dolores Olmedo”, explica Luiz Antonio Rocha. “No espetáculo, desconstruímos o mito, construindo uma Frida humana, bem diferente da figura pop na qual foi transformada pela grande mídia no mundo inteiro”, conclui o diretor.

A preparação para a montagem do espetáculo foi longa e incluiu uma viagem ao México, na qual Luiz Antonio Rocha encontrou a Frida que queria montar: a pintora que transformou a dor em arte estava despida para dar vida à deusa tehuana. Na cidade de Oaxaca, o diretor comprou todas as peças que compõem o figurino do espetáculo. Elas são autênticas, conseguidas em antiquários e artesãos indígenas.

A peça abre com o prólogo de Dolores Olmedo Patiño, marchand que possui a maior coleção de Frida Kahlo e Diego Rivera no mundo. Responsável por preservar e difundir o acervo do casal. Dolores e Frida nunca foram amigas; duas mulheres apaixonadas pelo mesmo homem, uma colecionadora de arte, a outra a expressão da própria arte.

Trechos de críticas do espetáculo

“Internacionalmente conhecida, principalmente pela obra artística, Frida Kahlo tem sua dimensão mais humana exposta no notável monólogo ‘Frida – A deusa tehuana’, no qual é vivida pela atriz brasileira Rose Germano”

(trecho da reportagem do jornal El Universal, o principal do México)

“Luiz Antonio Rocha impõe à cena uma dinâmica essencialmente corajosa. Afora o fato, naturalmente, do encenador criar marcas muito expressivas e explorar com grande sensibilidade todas as possibilidades da bela cenografia de Eduardo Albini.”

(trecho da crítica de Lionel Fischer)

“Impressiona o ritmo impresso pela direção de Luiz Antônio Rocha. Não há preocupações com o silêncio ou com o preenchimento das lacunas. Tudo é feito com tanta beleza que nossa sensibilidade fica à flor da pele.”

(trecho da crítica de Renato Mello)

Sinopse

Monólogo livremente inspirado no diário e na obra da artista mexicana Frida Kahlo, com fragmentos da vida e do pensamento de uma mulher à frente do seu tempo.

Ficha técnica: 

Texto: Luiz Antonio Rocha e Rose Germano

Direção: Luiz Antonio Rocha

Elenco: Rose Germano

Músico: Eduardo Torres

Iluminação: Aurélio de Simoni

Operador de Luz e Som: Alexandre Holcim

Cenário, Figurinos e Direção de Arte: Eduardo Albini

Trilha Sonora: Marcio Tinoco

Assessoria de imprensa: Racca Comunicação

Direção de Movimento: Norberto Presta

Fotos: Renato Mangolin e Carlos Cabéra

Direção de Produção: Sandro Rabello

Realização: Diga Sim! Produções

Serviço:

Frida Kahlo – A deusa tehuana

Temporada: 17 de janeiro a 16 de fevereiro

Teatro Maison de France – Av. Pres. Antônio Carlos, 58 - Centro, Rio de Janeiro - RJ

Telefone: 2544-2533

Dias e horários: Sexta a domingo, às 19h.

Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia).

Lotação: 355 pessoas

Duração: 1h

Classificação indicativa: 16 anos

Funcionamento da bilheteria: De terça a domingo, a partir das 14h.

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