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Ociosidade hospitalar: quando hospitais parecem lotados e, na prática, operam vazios

19 de Dezembro de 2025

Por Patricia Narciso – CEO da Evodux

Foto: Divulgação

A ociosidade hospitalar é um desperdício silencioso que engana à primeira vista: corredores cheios de movimento e, ao mesmo tempo, leitos e centros cirúrgicos subutilizados. Segundo Patricia Narciso, tratar a ociosidade como falta de demanda é simplista — o verdadeiro problema costuma ser uma coreografia operacional mal desenhada, onde oferta e demanda não se sincronizam e processos internos emperram o fluxo do paciente.

Entre as causas mais frequentes estão fluxos desarticulados — alta médica que não se traduz em alta administrativa —, regulação desconexa, agendamento cirúrgico fragmentado e cancelamentos tardios. A consequência é óbvia: salas protegidas vazias, horários perdidos e equipes improdutivas. Muitas vezes, a estrutura física existe; faltam os profissionais, insumos ou equipamentos necessários para torná-la operacional. Um leito “fechado” por ausência de equipe vira mera decoração hospitalar.

O impacto financeiro é severo. Custos fixos por paciente disparam, salas cirúrgicas ociosas geram perdas diretas e contratos, equipamentos e equipes ficam subutilizados. Na prática, pacientes permanecem em filas mesmo com estrutura disponível — porque falta o que torna essa estrutura funcional. Para hospitais independentes e filantrópicos, o efeito é devastador.

A gestão tem, porém, caminhos claros para reduzir o tempo ocioso. Governança baseada em indicadores diários, redesenho de fluxos de admissão e alta, reestruturação da grade cirúrgica com base em tempos reais e integração entre setores diminuem gargalos. E a tecnologia potencializa essa mudança: a IA verticalizada em custos identifica ociosidade oculta, calcula o custo do minuto parado, simula cenários de demanda e sugere remanejamentos financeiros e assistenciais precisos.

No Brasil, iniciativas de “hospitais inteligentes”, previsões de demanda e soluções de agendamento já mostram resultados. Mas o diferencial está em conectar ocupação à leitura financeira: traduzir vazio em perda de caixa e transformar esse diagnóstico em um mapa de decisões. Com organização, dados e tecnologias adequadas, a ociosidade deixa de ser teatro — e passa a ser problema resolvido.

Foto: Divulgação

Patricia Narciso – Inteligência Estratégica da Saúde

CEO da Evodux, é referência nacional em custos assistenciais e inteligência estratégica em saúde, com 27 anos de atuação transformando custos invisíveis em margem real. Lidera a única empresa brasileira dedicada exclusivamente à inteligência de custos com IA aplicada, responsável por mais de R$ 1,5 bilhão em impacto financeiro para operadoras e hospitais. Palestrante e mentora, é uma das vozes mais influentes na reinvenção do setor.

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LInkedin: Patricia Narciso

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