Cultura - Teatro

Em Submarino, Léo Moreira assina texto inédito em nova montagem do diretor Pedro Granato

28 de Julho de 2014

 

Uma turma de adolescentes sempre se encontra na piscina onde praticam natação. Uma morte inesperada abala a relação de todos. Agora, o grupo de amigos precisa lidar com a perplexidade, entendimento e superação da perda. Texto inédito de Léo Moreira com direção dePedro Granato - que dirigiu recentemente Quanto Custa?; de Bertolt  Brecht e Il Viaggio; adaptação de Marcelo Rubens Paiva para texto inédito de Federico Fellini -, a peça Submarino estreia dia 2 de agosto, sábado, às 20 horas, no Teatro Cultura Inglesa, em Pinheiros.

No elenco, Bárbara Sgarbi, Celina Vaz, Gabriel Tavares, Jonatan Justolin, Manuela Pereira, Matheus Polimeno, Pedro Monteiroe Victoria Martinez. A temporada segue até 17 de agosto, com sessões aos sábados, às 20h e domingos, às 19h.

A montagem investe na plasticidade das cenas e nos movimentos coreografados para contar uma história sensível de superação do luto e do surgimento de novos sentimentos. O local de encontro da turma tem como único cenário a piscina onde praticam natação.

A história se passa durante um ano e mostra como cada personagem lidou com a situação e como suas vidas e sentimentos foram transformados. A peça trata de questões que envolvem a morte e de como as pessoas atravessam um acontecimento trágico como a perda de uma pessoa tão jovem. Algo que deixa marcas em todos os envolvidos.

O texto revela fragmentos da vida dos personagens com grandes saltos temporais. Os atores usam seus próprios nomes para se apropriar melhor da história que estão contando e parte dos ensaios aconteceram numa piscina de verdade o que foi fundamental para definir movimentos e sensações em cena.

Para o diretor, Pedro Granato, o texto é muito provocativo. “Trata-se de um tema denso e profundo que não é normalmente associado aos adolescentes. Os diálogos são sensíveis e as marcações muito sugestivas, pois deixam espaço para criação. O fato da peça toda se passar em uma piscina é um grande desafio para a encenação, por isso também assino a luz e o cenário, pois estava intrinsicamente ligado a direção. É um espetáculo muito visual”, comenta.

Léo Moreira - autor e diretor da Cia Hiato, premiado três vezes com o Prêmio Shell de melhor autor - escreveu a peça especialmente para o Projeto Conexões, uma parceria entre o National Theatre de Londres, British Council e Cultura Inglesa com realização da Escola Superior de Artes Célia Helena.

Submarino é a primeira parceria entre Pedro Granato e Léo Moreira. O diretor comemora o resultado da união desses dois universos.  “Léo é um dramaturgo generoso. Ele não define como as cenas têm que ser. Mesmo sendo diretor ele deixa muito espaço para ser completado e isso é um prazeroso desafio de inventar a peça visualmente, achar o equivalente em música, imagem e movimento para rubricas livres e poéticas”.

Cenografia e Figurino

Com estética minimalista, o cenário é uma plataforma de madeira forrado com lona de piscina. Os atores utilizam a parte superior e inferior do cenário sugerindo diferentes espaços de até 8 raias. Nas extremidades tem um trampolim e uma escada. Os figurinos seguem a mesma paleta de cores criando uma impessoalidade entre os personagens e sua fusão com o ambiente da peça. Maiôs de banho, toalhas e camisetas em tons entre o preto e azul, além de todos os elementos cênicos, remetem aos tons azulados e ao universo da natação. O único elemento vermelho é uma toalha submersa que personifica a morte de um personagem.

A iluminação propõe um jogo sinestésico ao investir em diversos tons de azul para ressaltar a piscina. Um ciclorama preenche o fundo e cada raia tem luzes independentes manipuladas pelos atores. Os cubos cobertos de azulejos de fundo de piscina reforçam a sensação de solidão e a claustrofobia que a água traz após o afogamento.

“Como na peça sugerimos mergulhos e nados, busquei imagens fortes que pudessem indicar essas ações. Criei um cenário que sugere mudanças de ângulo. Em alguns momentos, é como se você estivesse vendo a piscina de cima. Outras vezes, o cenário é um trampolim e uma raia ou até mesmo o fundo da piscina. E para transformar o cenário foi fundamental o recorte da iluminação. Por isso, utilizo luzes que os próprios atores manipulam e o ciclorama para dar a sensação de estar imerso”, explica Granato.

 

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