Cultura - Teatro

Sesc Santo André apresenta Estúdio 7 Cidades

1 de Outubro de 2014

 

Durante os meses de outubro e novembro o Sesc Santo André realiza a edição 2014 do projeto Estúdio 7 Cidades, destinado a acolher grupos locais de longa trajetória e também músicos em início de carreira. Neste ano, a curadoria foi feita por José Flávio Júnior - jornalista, crítico musical e editor-assistente da revista Billboard Brasil. As sonoridades transitam pelo rap, viola caipira, rock, blues, ska, instrumental africano e cumbia peruana.

Projetonave, Pedra Branca, Otis Trio, Liquidus Ambiento e Ba-Boom. São esses alguns dos exemplares musicais nascidos na região das 7 Cidades - ou ABC Paulista, como se diz mais comumente - em sua história mais recente. Bandas que já estiveram no palco do Sesc Santo André em outras ocasiões e hoje ganham território para além do ABC, local que é celeiro de talentos e que, atualmente, passa por um momento bastante profícuo, no que diz respeito à produção musical.

Em outubro, Bino apresenta seu hip hop no dia 4; Milton Araújo, com sua música regional, nodia 11; o rock do Giallos chega no dia 18 e o blues de Adriano Grineberg fecha o mês, no dia 25. Já em novembro, o hip hop está de volta com MR-13 no dia 1; o Saori & Tequila vem com um mix de ska e reggae no dia 8, a La Pegadita mostra sua cumbia peruana nodia 15 e o instrumental afro do Kubata encerra a temporada em grande estilo no dia 22.

O Estúdio 7 Cidades - que já mostrou a pluralidade de trabalhos de choro, jazz, música instrumental brasileira e a indiscutível tradição local do rock'n'roll - trouxe algumas alterações quanto às atividades de formação. Diferente de 2013, elas foram realizadas ao longo do ano, dedicadas especialmente ao desenvolvimento técnico de músicos por meio de workshops. O primeiro aconteceu em abril e foi conduzido pelo guitarrista do Dr. Sin, Eduardo Ardanuy. Em agosto, foi a vez do premiado baterista do Hangar, Aquiles Priester, brindar a plateia com um “workshow”, onde demonstrou algumas de suas técnicas.

Com este projeto, o Sesc reafirma seu compromisso com o fomento e a difusão da produção artística local, propiciando ao público e aos artistas (re)conhecer, (re)ver, (re)encontrar e (re)descobrir os sons que ressoam no ABC.

“Minha filosofia nesse tipo de trabalho é sempre a mesma: ser o mais plural nas escolhas, privilegiando a originalidade. Sem limitações estéticas, nossos próximos sábados serão embalados por rap, rock, blues, ska, viola caipira, cumbia e música africana. Espero que os que vierem atrás de um artista específico retornem em outras ocasiões para conhecer os demais participantes. O ABCD passa por um momento exuberante na produção musical e isso carece de uma divulgação maior”. Afirma o curador José Flávio Júnior.

Programação – Outubro

BINO (hip hop)

Cria das famosas batalhas de MCs do Santa Cruz (Zona Sul de São Paulo), o andreense Vinícius Bino é um dos nomes mais comentados do rap brasileiro atual. O clipe de “Bagunça”, seu grande hit até o momento, já ultrapassou 200 mil visualizações no YouTube, número expressivo para qualquer artista em início de trajetória. Em suas letras, o rapper de 24 anos costuma explorar as agruras e ambições cotidianas, o que inclui mencionar que, para sobreviver, ele precisa ir do ABC para São Paulo todos os dias para pegar no batente. Bino participou, recentemente, do programa Manos & Minas, o grande veículo de divulgação do hip hop nacional, sendo acompanhado pelo Projetonave, outro filho do ABC. No show do Estúdio 7 Cidades, o MC vai mostrar “Bagunça”, “Sabadão”, “Sozinha ou Não” e outros destaques da  sua mixtape Minha Mente, Mó Baderna, além de “Não É Ostentação”, que sinaliza para onde seu trabalho deve ir no primeiro álbum cheio. 

Com: Bino (voz) e DJ Endoque.

 

Local: Teatro

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 4,00 (comerciário)

Não recomendado para menores de 12. Duração: 90 min

4 de outubro. Sábado, às 20h

 

MILTON ARAÚJO (regional)

 

Sobrinho da mítica Helena Meirelles (1924-2005), Milton Araújo é uma fera da viola “rio abaixo”. Com afinação em sol, essa viola remete ao blues norte-americano, mas também cabe muito bem na abordagem de nossa música fronteiriça. Nos nove anos em que acompanhou a finada tia, Milton se especializou em chamamé, rasqueado, polca e outros estilos predominantes na região pantaneira. Além de passar por todas essas vertentes em seu show atual, variando entre composições próprias, temas de domínio público, clássicos do folclore mato-grossense e músicas emblemáticas de Helena, o violeiro também usa o instrumento para reproduzir cantos de pássaros (seriema, araponga etc). A apresentação, portanto, não tem apelo apenas para quem gosta de viola caipira e virtuosismo. O andreense oferece um passeio completo pela região de seus ancestrais e ainda dá uma piscadinha para o delta do Mississippi, berço do blues.

 

Local: Teatro

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 4,00 (comerciário)

Classificação: Livre. Duração: 90 min

11 de outubro. Sábado, às 20h

 

GIALLOS (rock)

 

Formado em 2010 por Claudio Cox (voz), Flávio Lazzarin (bateria) e Luiz Galvão (guitarra), o Giallos faz um rock garageiro com poucos similares no Brasil. A referência mais próxima seria o grupo norte-americano Jon Spencer Blues Explosion. Mas os três amigos de Santo André vão além. Suas composições não são lineares. Não há qualquer compromisso em soar pop ou radiofônico, ainda que o resultado final seja extremamente cativante. As letras, em português, destacam-se no pacote, tratando de personagens erráticos, anti-heróis do dia-a-dia. O cartão de visitas do trio é o álbum Contra!, lançado em 2013. Há poucos meses, o Giallos soltou umbootleg oficial, disco ao vivo registrado sem firulas e vendido em formato cassete nos shows. O áudio é da apresentação da banda na série Prata da Casa, do Sesc Pompeia, quando o combo foi reforçado por sopros e teclados. Uma versão de “A Verdadeira Corrida Espacial”, do grupo punk gaúcho Os Replicantes, promete incendiar a apresentação no Estúdio 7 Cidades.

Com: Claudio Cox (theremim, maracas e voz), Luiz Galvão (guitarra) e Flávio Lazzarin (bateria).

 

Local: Teatro

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 4,00 (comerciário)

Classificação: Livre. Duração: 90 min

18 de outubro. Sábado, às 20h

 

ADRIANO GRINEBERG (blues)

 

O requisitado pianista Adriano Grineberg foi visto durante muitos anos dando molho aos rocks do grupo Ira! e guiando a cantora Ana Cañas, especialmente em seus primeiros passos. Mas é quando está no centro do palco que suas melhores intenções se revelam. Com 15 anos de militância no cenário blueseiro, o músico não se contenta em reproduzir standards do gênero. Prova disso é Blues For Africa, seu mais recente trabalho. Nele, Adriano pesquisa as conexões entre o ritmo negro norte-americano e o continente africano. Num momento em que os antenados só querem saber de Fela Kuti e afrobeat, é salutar a iniciativa do pianista, que se atreve até mesmo a cantar em idiomas de países como Mali, Zâmbia, Quênia e África do Sul. No começo do ano, a proposta ousada de Adriano mereceu um especial no jornal comandado por Heródoto Barbeiro no canal Record News. O material está no YouTube e serve como chamariz para o espetáculo que será apresentado no Estúdio 7 Cidades. No palco, ele é acompanhado por guitarra, baixo e bateria.

 Com: Adriano Grineberg (piano e voz), Edu Gomes (Guitarra), Rodrigo Jofre (Baixo) e Sandro Grineberg (Bateria).

 

Local: Teatro

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 4,00 (comerciário)

Classificação: Livre. Duração: 90 min

25 de outubro. Sábado, às 20h

 

Programação - Novembro

 

MR-13 (hip hop)

 

Não seria exagero dizer que hoje o rap está para o ABCD como o punk rock esteve nos anos 80. A produção é farta e promissora, e um dos nomes que atestam isso é o MR-13. Os MCs Genezio, Rato e V.A.L.E. agitam a cena de São Bernardo do Campo há algum tempo. Integram a Sociedade Alternativa de Campom, que organiza a Batalha da Matrix, no centro da cidade. Também duelam em Diadema, São Paulo e onde mais houver um rinha. Já quando se apresentam como MR-13, muitas vezes encerrando as batalhas, não dão brecha para qualquer tipo de disputa. A comunhão entre os discursos está impressa em Antes de Mais Nada, mixtape que o trio lançou em 2013. “Manicômio Madruga” e “Crocodilo” foram rapidamente adotadas por quem acompanha o movimento de perto. Essas e outras faixas de Antes de Mais Nada celebram “os invisíveis” e os que ralam para fortalecer o hip hop no underground.

Com: V.A.L.E. (MC/vocais), Rato (MC/vocais), Genezio (MC/vocais) e DJ Endoque.

 

Local: Teatro

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 4,00 (comerciário)

Não recomendado para menores de 12. Duração: 90 min

1º de novembro. Sábado, às 20h

 

SAORI & TEQUILA (ska/reggae)

 

O ABCD sempre teve boas relações com o ska – tanto o jamaicano, quanto o contaminado pelo punk. Estão aí Sapo Banjo, Ba-Boom e até o novo projeto do mauaense Mao (Garotos Podres) para comprovar isso. A proposta do Saori & Tequila é mais revivalista. O grupo se concentra em executar o ska na forma como ele foi concebido, com baixo e bateria marcantes, guitarra acentuando o ritmo hipnótico e teclado colorindo as melodias. É basicamente a música de cabeceira de Bob Marley, que o inspirou a criar suas primeiras canções e a espalhar o reggae pelo mundo. Dedicado a recuperar esse gênero seminal, o Saori & Tequila visita clássicos de Desmond Dekker, Jackie Mittoo, The Skatalites, Jimmy Cliff, Ken Boothe e Toots & The Maytals com extrema fidelidade. Os vocais femininos ajudam a injetar charme na receita. E claro que um ou outro tema da família Marley (Bob e Rita) também pinta no repertório, bem como composições próprias.

Com: Bio Bonato (bateria), Cassiano KS (guitarra), Cathê, (voz), Felippe Pipeta (trompete), Kiko Bonato (teclado), Raoni Gruber (baixo), Suellen Cardoso (voz) e Victor Fão (trombone).

 

Local: Teatro

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 4,00 (comerciário)

Classificação: Livre. Duração: 90 min

8 de novembro. Sábado, às 20h

 

LA PEGADITA (cumbia/world music)

 

A cumbia peruana, também chamada de chicha, tem suas raízes nos anos 60. Foi naquela década que músicos do Peru começaram a dar tratamento de rock psicodélico à cumbia colombiana, criando uma nova linguagem. Grupos como Los Destellos e Juaneco Y Su Combo se destacaram internamente e, quatro décadas depois, caíram no gosto de colecionadores de discos mundo afora. Apareceram bandas tributos, caso da americana Chicha Libre, o que só evidenciou o apelo dos tais “sonidos”. Em 2010 e 2011, o Prata da Casa, do Sesc Pompeia, deu espaço para dois grupos com influência da cumbia peruana: o paulistano El Cartel Cumbia e o acriano Carne de Piaba. Já em Santo André, coube ao La Pegadita difundir a onda. A formação tem pouco tempo de estrada, mas já começa a criar seu público, ávido por bailar seus temas incandescentes e alteradores da realidade. Tem que experimentar para sacar.

 

Local: Teatro

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 4,00 (comerciário)

Classificação: Livre. Duração: 90 min

15 de novembro. Sábado, às 20h

 

KUBATA (afro/instrumental)

 

Thiago Buda, Luiz Galvão, Leo Portella, Willian Aleixo, Flavio Lazzarin, Fábio Prior e André Marchiori são os responsáveis pelos grooves do Kubata. Na proposta sonora há uma nítida intenção de pesquisar sons africanos, mas o grupo instrumental não se resume a um pastiche de artistas daquele continente. Os balanços do Kubata resvalam no jazz e no rock, flertes que poucos ousaram fazer por aqui. Para os já iniciados no assunto, é possível dizer que a banda está mais próxima da psicodelia dos paraibanos do Burro Morto do que da afro-brasilidade do Bixiga 70. Uma análise melhor pode ser feita clicando nos vídeos do conjunto disponibilizados no YouTube. As performances de “Carteado” e “BlackBuda” são belos cartões de visita e só aumentam a expectativa para a apresentação do septeto no Estúdio 7 Cidades.

Com: Thiago Buda (baixo), Luiz Galvão (guitarra), Leo Portella (guitarra), Willian Aleixo (teclados), Flavio Lazzarin (bateria), Fábio Prior (percussão) e André Marchiori (percussão).

 

Local: Teatro

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 4,00 (comerciário)

Classificação: Livre. Duração: 90 min

22 de novembro. Sábado, às 20h

 

José Flávio Júnior (curador)

 

José Flávio Júnior é jornalista, radialista e realiza curadorias de eventos musicais. Desde 2012, é editor-assistente de Billboard Brasil. Integra o time curatorial do Circuito São Paulo de Cultura, ação da Prefeitura de São Paulo que leva atrações artísticas para teatros e bibliotecas municipais.

 

Entre 2005 e 2013, atuou como crítico de música popular da revista Bravo!, então publicada pela editora Abril. Foi curador do Movimento Hotspot, prêmio cultural de inovação e criatividade, criado por Paulo Borges, CEO da Luminosidade, concluído em 2013. De outubro de 2010 a janeiro de 2012, foi curador do Prata da Casa, projeto do SESC Pompeia (SP) que foca em artistas em começo de carreira. Ao todo, 70 shows foram selecionados em seu período. Entre julho de 2008 e junho de 2011, integrou o conselho artístico da Oi FM, emissora de rádio na qual também produziu os programas Guia Oi Sampa e Qualquer Coisa.

 

Como repórter e editor, trabalhou nas revistas Veja São Paulo, BIZZ e no site Usina do Som. Já publicou textos nas revistas Rolling Stone, Tam Nas Nuvens, Vip, Playboy, Capricho, Isto É Gente e nos jornais Folha de São Paulo (cadernos Ilustrada e Folhateen) e O Estado de São Paulo (Caderno 2). Artistas entrevistados: Michael Stipe e Peter Buck (R.E.M.), Neil Young, Sonny Rollins, Norah Jones, Dave Matthews, Dave Grohl (Nirvana/Foo Fighters), Chris Martin (Coldplay), Robbie Williams, Jamie Cullum, Meg White (White Stripes), M.I.A., Stephen Malkmus (Pavement), Kirk Hammett (Metallica), Lily Allen, Feist, Regina Spektor, Alex Kapranos (Franz Ferdinand), Jorge Drexler, Julieta Venegas, Caetano Veloso, Arnaldo Baptista (Os Mutantes), Lobão, Marisa Monte, Ivete Sangalo, João Donato, entre outros.

 

Como curador também participou da seleção artística da Feira da Música de Fortaleza (CE) e da confecção da grade musical do XIII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, em Goiás (GO), ambos em 2011. No ano anterior, escalou o palco Oi Novo Som no festival SWU, em Itu (SP), e integrou o time de curadores do Mulheres que Brilham BomBril, projeto que uniu cantoras da nova geração com artistas veteranos em apresentações ao vivo na capital paulista. Em 2009, foi curador do Expressões Oi, selecionando 90 artistas independentes para apresentações em Brasília (DF), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS), e do Cena Musical Independente, festival de novos talentos organizado pela secretaria de cultura do Governo do Estado de São Paulo no Memorial da América Latina (SP). Nos últimos três anos, participou como jurado de editais nacionais da Funarte ligados à música, sempre no Rio de Janeiro.

 

SERVIÇO

 

SESC SANTO ANDRÉ

Rua Tamarutaca, 302 - Vila Guiomar.

Telefone: (11) 4469-1200                                           

Acesso para deficientes físicos

Estacionamento: R$3,00 a primeira hora; R$1,00 cada hora adicional. Desconto de 50% para matriculados.

Site: sescsp.org.br/santoandre

 

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