Viver - Saúde

Tratamento multidisciplinar e inovação podem vencer a dor na coluna

15 de Outubro de 2014

 

Estima-se que cerca de 60 a 70% da população apresentará dor lombar em algum momento da vida. Interferências do mundo moderno como sedentarismo, obesidade e erros de postura são importantes fatores que contribuem para o aparecimento da dor. Além do sofrimento individual gerado, esse problema de saúde causa grande impacto econômico para a sociedade, visto que esta é uma das principais causas de falta ao trabalho. Neste 16 de outubro, Dia Mundial da Coluna Vertebral, vale uma reflexão importante: a degeneração ou “desgaste” da coluna é uma das principais causas de dor lombar.

É importante conhecer a coluna vertebral e protegê-la de forma adequada, pois ela é composta por diferentes estruturas, tais como ossos, cartilagens, ligamentos, nervos e músculos. O processo degenerativo ocorre principalmente nos ossos e cartilagens, mas cada uma dessas estruturas pode ser responsável pela produção da dor. Por exemplo, a redução da cartilagem de pequenas articulações localizadas na porção posterior da vértebra (chamadas facetas articulares) é responsável pela artrose destas articulações. A artrose, por sua vez, provocador e dificuldade para executar movimentos, muitas vezes limita a realização de atividades laborais ou até mesmo do cotidiano, incapacitando o indivíduo e reduzindo a qualidade de vida. Outra causa importante de dor lombar é a síndrome dolorosa miofascial, caracterizada pela presença de pontos dolorosos e nódulos de contratura da musculatura, os chamados pontos de gatilho.

Portanto, antes de se iniciar o tratamento da dor lombar é necessária a obtenção de uma detalhada história clínica, bem como minucioso exame físico e neurológico. É de extrema importância que sejam excluídas outras causas de dor lombar como, por exemplo, tumores da coluna vertebral, espondilolistese (“escorregamento das vértebras”) ou mesmo hérnias de disco. Além disso, frequentemente são realizados exames complementares como radiografias, ressonância magnética ou eletroneuromiografia para confirmação da suspeita clínica.

São inúmeras as opções terapêuticas para o tratamento da dor lombar. Inicialmente, são indicados repouso e medicamentos - geralmente analgésicos e anti-inflamatórios, mas hoje há alternativas complementares importantes como a acupuntura, a fisioterapia, terapias locais da região lombar, que podem auxiliar na redução da inflamação e da contratura muscular, aliviando a dor. 

Em situações mais graves e resistentes ao tratamento clínico, existe ainda a opção da realização de bloqueios ou infiltrações lombares. Para os pacientes com boa resposta ao bloqueio, há também a opção da realização de radiofrequência. Este procedimento em geral produz alívio da dor por um período maior, o que pode inclusive ser definitivo. A radiofrequência é bastante semelhante ao bloqueio e realizada nos mesmos pontos. Porém, ao invés da injeção de fármacos, aplica-se uma corrente elétrica que através da geração de calor pode interromper ou modificar o funcionamento do ramo nervoso responsável pela produção do estímulo doloroso.

É importante ressaltar que, os pacientes que apresentam além da dor, sintomas neurológicos como perda de força ou de sensibilidade, devem ser  avaliados por um neurocirurgião ou cirurgião de coluna antes da realização de bloqueios ou de radiofrequência. Estes pacientes podem apresentar problemas para os quais a cirurgia da coluna é necessária e em alguns desses casos a realização de bloqueios ou radiofrequência pode até ser prejudicial.

Mas, a maioria dos pacientes com dor lombar apresenta melhora dos sintomas com tratamentos mais simples e menos invasivos. Porém, aqueles pacientes com sintomas mais graves e refratários podem se beneficiar de procedimentos específicos. Vale lembrar que a adoção de hábitos de vida saudáveis como a prática regular de atividade física, alimentação balanceada e cuidados com a postura são os principais fatores na prevenção e tratamento da dor lombar.

O fato é que são muitas as causas para os problemas na coluna, assim como as formas de tratamento. Uma equipe multidisciplinar é o caminho mais indicado para o tratamento eficaz. A equipe deve ter médicos especializados, fisioterapeuta, psicólogo e posteriormente um educador físico. Mas você pode se perguntar nesse momento o porquê de tantos profissionais? E a resposta é simples. Como existem ampla gama de causas para essas disfunções, a solução muitas vezes está fixada em planos individuais de acordo com a necessidade de cada um.

Pessoas diferentes, com estrutura física variadas, tendo um quadro tanto emocional como de doenças prévias diferentes, apresentam indiscutivelmente necessidades distintas. A responsabilidade dos profissionais envolvidos deve ser conjugada.

O alerta deste dia clama por um tratamento sério, específico e bem direcionado, o que pode causar uma melhora da qualidade de vida impressionante. Essa visão em equipe faz toda a diferença no sucesso dos tratamentos e já é uma característica bem explorada nos grandes centros.

Autores

Caio Marconato Matias

Neurocirurgião (Especialista em Neurocirurgia Funcional - Cleveland Clinic (Cleveland, EUA)

Especialista Neurocirurgia – Hospital das Clínicas de RibeirãoPreto - FMRP-USP)

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia – SBN


Pitterson Clay Stochiero Leocadio

Fisioterapeuta responsável pelo Centro de Medicina Física Stochiero, especialista Neuromuscular e em Reabilitação Neurologia Hospitalar – Unicamp;

Osteopatia pela ATMS (Académie de Thérapie Manuelle et Sportive – Bélgica), Formação em Mulligan Concept MTCA pelo The Mulligan Concept Theachers Association;

Formação em Conceito Maitland certificado pela MPAA (Manip. Physio. Assoc. Of Australia);

Formação em Estabilização Vertebral e Periférica MPAA (Manip. Physio. Assoc. Of Australia).

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