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Concentração de roubo de cargas na região paulista, transportadoras buscam soluções contra o crime

16 de Novembro de 2021

Investimentos em tecnologias, treinamentos e assistência especializada são adotadas pelas empresas do setor de transporte

Crimes relacionados aos roubos de cargas no Brasil continuam sendo uma preocupação para as empresas de transporte rodoviário de cargas (TRC), que, mesmo com os investimentos contínuos em segurança e tecnologia, continuam relatando o problema. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo revelaram que o estado de São Paulo sofreu aumento de 4,71% nos roubos de cargas de janeiro a agosto deste ano em comparação ao mesmo período em 2020.

Foto: Divulgação

O levantamento apontou que o total de casos foi de 4.131 no estado durante os oito primeiros meses do ano, de modo que 1.909 foram registrados na capital paulista, representando 46,21% das ocorrências. A região metropolitana, que compreende 39 municípios, foi palco de 1.273 casos de furtos e roubos de cargas, correspondendo a 30,82% dos crimes.

Entretanto, mesmo com a alta em São Paulo, esse tipo de crime tem apresentado queda no Brasil. Divulgado em maio deste ano, o estudo anual realizado pela Associação Nacional do Transporte de Cargas & Logística (NTC&Logística) destacou o total de 14.150 registros de ocorrências em rodovias e áreas urbanas do país no ano anterior, uma queda de 23% em relação a 2019. Contudo, o cenário ainda é de preocupação para os transportadores, que precisam arcar com os prejuízos, os quais permeiam a casa dos 1,2 bilhão, de acordo com a entidade.

Ana Jarrouge, executiva do segmento de transporte de cargas com mais de 25 anos de experiência no setor, ressalta que esse tipo de crime ainda não conseguiu ser controlado e que a tendência é que ele se agrave diante de crises socioeconômicas, além da relação com outros tipos de transgressões. “O crime de receptação continua alimentando o roubo de cargas, pois as mercadorias são rapidamente desovadas e comercializadas de forma ilegal. Enquanto não houver combate de forma rígida e exemplar à receptação, os roubos continuarão existindo”, afirma Jarrouge.

Alguns mecanismos para inibir o crime são apontados pela executiva, desde uma boa organização e treinamento constante dos colaboradores da empresa até a instalação de diversos equipamentos tecnológicos nos veículos, como sistemas de rastreamento, autuadores, alarmes, câmeras e travas, marcação de chassi, codificação de peças a laser, grades nas janelas, padronização da cor da frota, entre outros.

“O controle logístico rigoroso, a contratação de seguro especializado e de gerenciadora de riscos, o envolvimento e o planejamento de mitigação de riscos com cliente não podem ser deixados de lado. Enfim, a organização e a estratégia da empresa são o que fará a diferença, minimizando os riscos de ocorrências”, ressalta.

No entanto, mesmo seguindo as medidas de proteção e de combate ao roubo de cargas, as empresas de transporte estão suscetíveis ao crime e precisarão estar aptas para gerenciar esta crise. “No ato da ocorrência, é preciso seguir uma série de medidas e etapas, sempre com orientação da seguradora e da gerenciadora de risco da transportadora. Além disso, a empresa deve acompanhar de perto, junto ao seu motorista, a elaboração do boletim de ocorrência e da investigação policial decorrente. É extremamente importante seguir regras de gerenciamento de riscos para evitar dissabores e negativa de cobertura por parte da seguradora, portanto, deve-se treinar muito bem toda equipe envolvida, tanto motoristas quanto o pessoal operacional, os líderes, a área de recursos humanos e todas as outras”, aconselha a executiva.

Jarrouge destaca ainda a importância da participação do empresário em entidades de classe, possibilitando a troca de informações e de experiências. “Deste modo, é possível conhecer a fundo os números e a situação deste tipo de crime, além de ajudar a encontrar caminhos para combatê-lo por meio de ações discutidas, definidas e executadas pela entidade de classe que o representa, meio mais eficaz de se agir e de se cobrar respostas e atuação do poder público como sociedade organizada”, completa.

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