Cultura - Teatro

Cemitério de Automóveis comemora 40 anos de estrada e a inauguração de seu novo palco

20 de Abril de 2022

Grupo ainda festeja os 32 anos do espetáculo de Mário Bortolotto. Palco ganha o nome de André Ceccato, em homenagem ao ator e amigo da companhia, que morreu em 2021

Arte: Rimnoid

Com 40 anos de trajetória, o grupo Cemitério de Automóveis inaugura sua nova sede, localizada na Bela Vista (na Rua Francisca Miquelina, 155), depois de ter fechado as portas do teatro, onde passou os últimos 10 anos, em janeiro de 2022. E a primeira peça a estrear no Palco André Ceccato, nome dado em homenagem ao grande amigo e ator do grupo, que morreu em julho de 2021, é a remontagem da premiada “Nossa vida não vale um Chevrolet”, escrita e dirigida por Mário Bortolotto.

O espetáculo fica em cartaz no Novo Teatro Cemitério de Automóveis entre os dias 27 de abril e 8 de maio, com apresentações de quarta à sábado, às 21h e domingo às 20h. O elenco é formado por Carcarah, Rebecca Leão, Eldo Mendes, Daniel Sato, Alexandre Tigano, Débora Stérr, Paulo Jordão Ian Uviedo.

“Nossa vida não vale um Chevrolet” foi encenada pela primeira vez no dia 30 de março de 1990, em Londrina, no Paraná. A estreia paulistana do trabalho aconteceu no dia 6 de agosto de 2000, como parte da Mostra Cemitério de Automóveis, que esteve em cartaz no Espaço Cênico Ademar Guerra, no Centro Cultural São Paulo.

Mário Bortolotto recebeu o Prêmio Shell de Melhor Autor do ano de 2000 por esse texto e, no mesmo ano, recebeu o Prêmio APCA de Melhor Autor pelo Conjunto da Obra. O espetáculo participou da edição de 2001 do Porto Alegre Em Cena e da edição de 2002 do Festival Internacional Palco e Rua de Belo Horizonte. A obra esteve em cartaz pela última vez em 2008.

A trama

O espetáculo acompanha quatro irmãos que precisam lidar com a morte do pai e suas consequências em um meio onde não se é possível confiar em ninguém. 

Os quatro filhos do ladrão de carros Osvaldo Castilho não parecem ter um rumo certo na vida. Enquanto a única mulher, Magali, vive como stripper e tem um relacionamento com o mau caráter Gomes, os irmãos Monk e Lupa seguem roubando carros. 

O mais novo do bando, Slide, sem dom para o crime, tenta aproveitar a oportunidade de se tornar um lutador de rua. Enquanto isso, a solitária Silvia se envolve com cada um dos homens da família Castilho.

A precariedade em que vivem os personagens é menos uma condição social do que um estado de espírito. Solidão, busca de afeto, marginalidade e outros temas recorrentes na dramaturgia de Mário Bortolotto estão presentes em Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet.

40 anos de Cemitério de Automóveis

Reconhecido como num núcleo consistente de produção teatral, o grupo Cemitério de Automóveis foi indicado ao 31º Prêmio Shell em 2018, em categoria especial, honrado pela manutenção de um espaço de produção artística e resistência cultural na cena alternativa. 

O espetáculo “Nossa vida não vale um Chevrolet” faz parte da mostra de repertório que comemora essas quatro décadas de trabalho, que ainda contará com as peças “Killer Joe”, de Tracy Lets; “Oeste Verdadeiro”, de Sam Shepard; e um espetáculo inédito de Bortolotto, ainda em fase de pesquisa durante um intercâmbio fora do país. As datas de estreia dos demais trabalhos ainda serão divulgadas.

A comemoração ainda prevê outras atividades a serem realizadas ao longo de 2022. Entre elas, estão um ciclo de leituras dramáticas, uma mostra audiovisual que revisita obras cinematográficas produzidas a partir dos textos de Mário Bortolotto; oficinas de teatro; a publicação de um fanzine em quatro edições especiais; e a criação de um podcast com debates e entrevistas.

Todas essas atividades e a reabertura da sede do grupo em novo endereço só foram possíveis graças ao projeto “Submersivos - Um Mergulho Nos 40 Anos do Grupo Cemitério de Automóveis”, contemplado pela 37ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, realizado pela Secretaria Municipal de Cultura. 

Sobre Mário Bortolotto

Ator, diretor, autor, sonoplasta, iluminador e vocalista e compositor de rock, Mário Bortolotto escreve para o teatro desde 1981. Nascido em Londrina, no Paraná, tem 13 livros publicados: os romances “Bagana na Chuva” e “Mamãe não voltou do supermercado”; as coletâneas de poesias “Para os inocentes que ficaram em casa”, “Um bom lugar para morrer” e O Pior Lugar que eu conheço é minha cabeça” ; o compilado de matérias escritas para jornais “Gutemberg Blues”; a reunião de textos de seu blog “Atire no Dramaturgo”; os livros de crônicas “Os Anos do Furação” e “Esse Tal de Amor e Outros Sentimentos Cruéis”, a série de contos “DJ – Canções para tocar no inferno”, além de cinco volumes com seus textos de teatro.

Entre os vários reconhecimentos que recebeu por seu trabalho no teatro, estão o Prêmio Shell de melhor autor, em 2000, pelo texto “Nossa vida não vale um Chevrolet”, e o Prêmio APCA, em 2000, pelo conjunto de sua obra. 

Os últimos espetáculos dirigidos por ele ao lado do grupo Cemitério de Automóveis foram o autoral inédito “Pequod - só os bons morrem jovens” (2020); e o western “O Homem que Matou Liberty Valance" (2021), de Jethro Compton, que estreou em formato audiovisual.

SINOPSE

O espetáculo conta a saga da família Castilho, especializada em roubar automóveis. Logo no início do espetáculo o patriarca da família é enterrado pelos irmãos. A partir daí a família passa por uma ameaça de desintegração total que culmina no envolvimento dos três irmãos com a mesma mulher. São personagens sem grandes aspirações movidos por pequenos interesses. Os personagens periféricos à história também rezam pela mesma cartilha (um go-go boy decadente, um gangster de quinta categoria e a fatia feminina da família Castilho que é uma garota de programa que anota em uma caderneta os nomes de seus casos extra-curriculares).

FICHA TÉCNICA

Texto, direção, sonoplastia e iluminação: Mário Bortolotto

Elenco: Carcarah (Lupa), Rebecca Leão (Sílvia), Eldo Mendes (Monk), Daniel Sato (Slide), Alexandre Tigano (Love), Débora Stérr (Magali), Paulo Jordão (Guto), Ian Uviedo (Suruba) Cenário e Figurino: Grupo Cemitério de Automóveis Operação técnica: Ademir Muniz

Operação de Sonoplastia: Pablo Perosa

Fotografia: Edson Kumasaka Programação visual: João Pirolla

Assessoria de imprensa: Bruno Motta Mello e Verônica Domingues – Agência Fática Produção executiva: Carcarah

Direção de Produção: Isabela Bortolotto e Paula Klaus - Baleia Mecânica

SERVIÇO

Nossa vida não vale um Chevrolet, de Mário Bortolotto

Temporada: 27 de abril a 8 de maio, de quarta a sábado, às 21h e domingo, às 20h

Novo Teatro Cemitério de Automóveis – Rua Francisca Miquelina, 155, Bela Vista

Ingressos: R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada)

Venda online através do sympla do Cemitério de Automóveis: https://www.sympla.com.br/produtor/cemiteriodeautomoveis

Classificação: 16 anos

Duração: 70 minutos

Capacidade: 50 lugares

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