Cultura - Música

Canto Livro une música e literatura em temporada de shows no Tatu Bar e Palco

13 de Outubro de 2014

 

Uma viagem musical pelo universo de escritores como Machado de Assis (1839/1908), Jorge Amado, Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, Vinícius de Moraes e outros autores consagrados é a proposta do grupo Canto Livro ao aproximar a literatura da música para encurtar a distância entre o livro e o público.

Idealizado por Joana Garfunkel e seu pai, Jean Garfunkel, os shows são compostos por temas retirados das obras de cada autor. Em cada show, o grupo constrói um repertório de canções recortado por textos com a temática do autor homenageado.  No dia 20 de outubro, segunda-feira, às 21h, o Canto Livro revisita a obra de Machado de Assis, em apresentação no Tatu Bar e Palco, na Rua Alves Guimarães, 153, Pinheiros.

No show intitulado Machado de Assis - O Bruxo do Cosme Velho, a dupla mergulha no caldeirão mágico-realista de Machado de Assis. Dele sairá o conto História Comum, poemas e trechos de Dom Casmurro e o Alienista e a fina ironia póstuma de Brás Cubas. Tudo isso temperado com canções da época, algumas com letras de autoria do próprio Machado, interpretadas por Jean Garfunkel, Joana Garfunkel e Pratinha Saraiva e com arranjos de Natan Marques.

No roteiro estão canções como, Balada do Louco (Arnaldo Baptista e Rita Lee), Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo/Francisco Matoso), Senhorinha (Guinga/Paulo César Pinheiro), Mil Perdões (Chico Buarque), Quem Sabe? (Carlos Gomes/Bittencourt Sampaio), entre outras.

 

O show também revela a faceta musical de Machado de Assis, o “Bruxo do Cosme Velho” como era conhecido. É de sua autoria Lua da Estiva Noite, em parceria com Arthur Napoleão. Jean Garfunkel compôs para o show a música Capitu, inspirado na personagem homônima de Dom Casmurro. Já o poema Quando Ela Fala ganhou melodia de Jean Garfunkel e Pedro Vieira.

Para Jean Garfunkel a leitura pode e deve ser criativa, coletiva e musical. “A abrangência e a diversidade do nosso cancioneiro refletem simultaneamente todas as faces da inquietação humana. Os livros sempre foram e serão grande fonte de inspiração para toda manifestação artística; inclusive, e principalmente a nossa.”

“A música e a narração de textos encadeados em um roteiro possibilitam que o livro saia da estante, fazendo da leitura uma experiência viva, emocionante e interativa”, completa Joana Garfunkel.

O projeto Canto Livro foi criado em 2006, quando Jean Garfunkel – poeta, escritor e compositor consagrado da MPB, gravado por intérpretes como Elis Regina, Zizi Possi, Margareth Menezes e Maria Rita - foi convidado a cantar num projeto dedicado a João Guimarães Rosa por conta de sua pesquisa e visitas à cidade mineira de Morro da Garça, terra natal do escritor. Joana, também já nutria grande admiração pela obra do autor mineiro. Em 2002, escreveu a tese Sentido e Significado em Grande Sertão Veredas, pela PUC SP.

Contadora de história, cantora e grande conhecedora da obra de Guimarães Rosa, o encontro entre pai e filha no palco foi natural. Juntos, teceram a ponte entre a saga do jagunço Riobaldo e canções compostas por Jean e seu irmão Paulo Garfunkel, no show O Sertão na Canção. Logo perceberam o potencial para a sensibilização e incentivo à leitura.

Paralelo ao trabalho com o Canto Livro, Jean Garfunkel, que tem quatro discos gravados em dupla com seu irmão Paulo Garfunkel, está lançando novo CD 13 Pares e Um Fado Solitário, homenageando treze parceiros importantes da sua rica e diversificada trajetória musical.

Cantando os livros

Com 7 anos de estrada, o Canto Livro acumulou apresentações em museus, centros culturais, festivais, feiras literárias, bibliotecas e escolas. Hoje, são cerca de 16 espetáculos que passeiam por autores como Manuel Bandeira, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Cora Coralina, Vinícius de Moraes, Manoel de Barros, Fernando Pessoa, Mia Couto, entre outros.

Possui parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), cujas apresentações são inspiradas em cada exposição, colocando a canção e a poesia para interagir diretamente com as artes plásticas. Ao incorporar a interpretação simultânea em LIBRAS (língua brasileira de sinais), possibilitou a inclusão e o acesso do deficiente auditivo ao universo da literatura. Esta iniciativa proporcionou ao grupo a conquista do Prêmio Ibero-Americano de Atividades Educativas em Museus, em 2011.

Já se apresentaram em espaços culturais como o Teatro Santa Cruz, Museu da Língua Brasileira, Museu da Casa Brasileira, Centro Cultural São Paulo, Festival da Mantiqueira e várias unidades do Sesc. Em 2010, o trabalho foi contemplado pelo edital da Caixa Cultural e, em 2012, pelo Proac. Em 2013, participaram da primeira balada para surdos no Brasil, a Sencity, versão da festa holandesa, nascida em Amsterdã e replicada com sucesso em Londres e Sidney.

Na recente edição da Bienal Internacional do Livro, participaram com dois shows: Machado de Assis – O Bruxo do Cosme Velho e outro em homenagem ao centenário de Carolina de Jesus. Ainda em 2014, apresentaram o show Bodas de Chumbo, sobre os 50 anos do golpe militar, com textos e canções da época.

 

 

Comentários
Assista ao vídeo