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Turismo Regenerativo: Um aliado do planeta para manter a floresta em pé

25 de Setembro de 2025

O Turismo Regenerativo vai além da sustentabilidade, restaurando ecossistemas e comunidades

O Turismo Regenerativo representa a vanguarda do setor de viagens, indo muito além da sustentabilidade. Nesse sentido, ele é um modelo que busca ativamente restaurar ecossistemas e fortalecer comunidades, tornando-se uma solução justa e responsável para manter a floresta em pé.

Sendo assim, ao invés apenas de preservar e mitigar danos, ele se dedica a curar e enriquecer os destinos, garantindo que o ecossistema e as comunidades locais prosperem juntos.

Nessa abordagem, as comunidades não são apenas coadjuvantes; são cocriadoras no planejamento, desenvolvimento e gestão das atividades turísticas. Isso assegura que os benefícios financeiros sejam diretamente reinvestidos em seu próprio bem-estar, fortalecendo a economia, promovendo autonomia e melhorando aspectos essenciais locais.

Na Amazônia, por exemplo, isso se traduz na criação de uma economia que reconhece o valor inestimável da floresta viva e da cultura vibrante de seus povos.

Turismo Regenerativo: A união pela floresta em pé

Dentro desse cenário, a importância do turismo regenerativo é inegável, especialmente no Brasil, país que abriga a maior parte da Amazônia.

Este bioma, que é um dos mais biodiversos do planeta, é também o lar de inúmeras comunidades tradicionais, ribeirinhas e povos indígenas. Além disso, longe de ser apenas um reservatório de recursos naturais, a Amazônia é um celeiro de soluções inovadoras e um repositório de saberes ancestrais.

O turismo regenerativo atua como uma ponte sólida e ética entre o viajante e a floresta, fomentando uma economia que valoriza a floresta em pé e a rica cultura de seus guardiões.

Características essenciais e aplicações na prática

Dessa forma, para compreender a profundidade desse modelo, é fundamental entender suas características:

Cocriação: As experiências são criadas, ao mesmo tempo, em colaboração entre visitantes e anfitriões, ou seja, na Amazônia, o turista não é um mero espectador, mas um participante ativo. Durante uma experiência numa trilha na floresta, o viajante pode, por exemplo, extrair copaíba ou breu com um ribeirinho. Ao visitar comunidades, pode participar de oficinas de artesanato, trocando conhecimentos e técnicas.

Circularidade: Os recursos utilizados pelos turistas são reaproveitados, reciclados ou compostados, ou seja, minimizam o desperdício e maximizam o valor. Por exemplo, modelos práticos incluem a compostagem de resíduos orgânicos para hortas comunitárias e a reutilização de água da chuva.

Biocultura: Promove a conexão entre a diversidade biológica e a riqueza cultural. Saberes ancestrais sobre o uso sustentável da floresta, como a identificação de plantas medicinais, naturalmente são transmitidos aos visitantes, reforçando a importância da preservação cultural para a manutenção do bioma.

Engajamento sistêmico e holístico: O modelo de turismo regenerativo busca considerar todos os aspectos: ambientais, sociais, econômicos e culturais. Dessa forma, ele se manifesta em iniciativas que apoiam a educação local, a infraestrutura de saúde e a valorização das manifestações culturais dos povos tradicionais. Além disso, a mensuração de impacto é intrínseca, garantindo que a atividade turística esteja, de fato, regenerando o destino.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã: Um caso de sucesso e legado para a floresta em pé

Localizada no estado do Amazonas, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã abrange 424 mil hectares e é o lar de 461 famílias em 22 comunidades.

A RDS do Uatumã é um case de sucesso em turismo regenerativo, sob a atuação da startup Aura Amazônia, comprovando como o modelo pode ser uma força motriz para o desenvolvimento sustentável.

A Aura Amazônia nasceu em 2021 com o propósito de conectar pessoas aos saberes da floresta, integrando ciência, ancestralidade e regeneração. Desde então, a startup atua na RDS do Uatumã com seu Tour Aromático da Amazônia, uma experiência em que os visitantes aprendem sobre óleos essenciais, plantas medicinais e manejo florestal, ao mesmo tempo em que contribuem diretamente para a economia local e fortalecem a autoestima das comunidades ribeirinhas.

Dessa forma, o engajamento comunitário é um pilar central, onde o turismo acompanha o fortalecimento da economia sustentável e o protagonismo produtivo. Atualmente, para as comunidades ribeirinhas da RDS do Uatumã, o turismo regenerativo é uma ferramenta relevante e significativa para geração de renda.

De acordo com Aline Alves, sócia-fundadora e diretora operacional da Aura Amazônia, "o turismo regenerativo é uma ferramenta vital de geração de renda, permitindo que a floresta permaneça em pé e que seus saberes sejam valorizados". Aline ainda acrescenta que o objetivo é "consolidar a Amazônia como um polo de soluções e não apenas de recursos".

Exemplos práticos dos benefícios gerados pelo Turismo Regenerativo da startup na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã

Comunidade São Francisco das Chagas do Caribi

Atualmente, o turista que visita o Caribi aprende sobre manejo sustentável quando visita a marcenaria familiar certificada de Dona Elizângela Cavalcante e seu esposo, o Senhor Gracilazo.

Conhece a feira local e pode comprar artesanato produzido por moradores da comunidade, levando para casa não só um produto, mas a história viva de quem o fez.

O visitante também participa de rodas de conversa com ribeirinhos e com Seu Josué, que conta lendas indígenas sob árvores gigantes. Entre outras experiências, para finalizar, o turista pode usufruir de um bahno de ervas no rio, relaizado pelas mãos de Dona Elizângela.

Santa Luzia do Canaratuba – Agrofloresta do Pau- Rosa

A visita guiada à SAF do Senhor Aldemir e da Dona Neide é mais uma história que emociona, afinal, conhecer a família guardiã do Pau-Rosa, árvore ameaçada de extinção é um privilégio. Seu Aldemir, passou de extrativista explorado para empresário da floresta, e conta sua história para os viajantes em todos seus pormenores, que durante a narrativa aprendem sobre superação, empreendedorismo, sustentabilidade e regeneração.

Senhor Aldemir recuperou o Pau- Rosa e hoje faz manejo sustentável, sobretudo, beneficiando o óleo essencial que carrega em si a força da resistência amazônica.

Aqui, o visitante tem a oportunidade de conhecer e se beneciciar da horta deo Senhor Aldemir, que possui inúmeras éspecies e mudas em sua propriedade.

Floresta Amazônica: Enseada e trilhas vivas

Participar de trilhas na floresta beneficia inúmeras famílias ribeirinhas que trabalham para que a atividade possa ocorrrer da melhor maneira, promovendo conforto e segurança aos viajantes.

Na floresta, os turistas podem observar copaíbas, breus e árvores centenárias. Hoje, cada árvore ganhou uma plaquinha com seu nome, e o mais importante, com a história de como aquela planta fez parte da vida dos comunitários que ali cresceram. Para completar, foram colocados bancos na floresta, para meditar e contemplar em silêncio. Assim, os viajantes deixam de apenas estudar a Amazônia na teoria e passam a vivê-la na prática, transformando a trilha em uma experiência viva.

Comunidade Livramento

Integrada ao roteiro, a comunidade oferece rodas de conversa com os comunitários, defumação de ervas medicinais e a oportunidade de aprender sobre a história ancestral contada através de artefatos indígenas.

Pousada Mirante do Uatumã

A pousada, liderada pelo proprietário conhecido como Papa, agora tem rotatividade o ano todo, não apenas nos meses de pesca.
A saber, os turistas da Aura Amazônia que visitam a RDS se hospedam na Mirante do Uatumã. Essa parceria promove a regeneração da própria pousada, mostrando a força da colaboração.

Crescimento Regenerativo

O roteiro turístico promovido pela startup foi expandido para 6 comunidades e já beneficia mais de 30 famílias.

" Regeneração é quando todos saem melhores: a floresta, os ribeirinhos e os viajantes," afirma a idealizadora do Tour Aromático da Amazônia. "O turismo regenerativo é uma escolha ética, afetiva e corajosa", finaliza. Aline Alves.

Em suma, esse modelo oferece um exemplo a ser seguido, onde a indústria se alinha com a conservação ambiental e o bem-estar social, empoderando as comunidades e proporcionando experiências autênticas e profundamente significativas.

O turismo regenerativo não é uma tendência; é uma necessidade premente.

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