Cultura - Teatro

Do Amor, peça de Phillipe Minyana

14 de Outubro de 2015

Encerra temporada dia 24/10 na Oswald de Andrade

 

O tempo e as memórias da vida permeiam toda a obra que conjuga humor e anarquia, sensibilidade e ironia.

 

O espetáculo ?Do Amor? ­ do dramaturgo francês Philippe Minyana ­ encerra sua temporada no ?dia 24 de outubro?, sábado, na ?Oficina Cultural Oswald de Andrade?, às 20 horas. A peça, traduzida por Amanda Banffy?, tem direção assinada por ?Francisco Medeiros?. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com extrema sensibilidade, o autor mostra a passagem do tempo na vida de dois casais, desde a juventude até o fim da vida, destilando nas entrelinhas uma ironia ferina, temperando tudo com um humor mordaz e impiedoso. Os acontecimentos ordinários da vida, como amor, envelhecimento e morte, são questões fundamentais à obra. Os personagens Christina, Bob, Ted e Mylène são figuras mutantes, múltiplas, contraditórias. Não há caracterizações físicas e a interpretação é revezada pelos casais de atores ?Amanda Ban?ffy ?e ?Carlos Baldi?m?,Leonardo Antunes ?e? Laís Marques?.

 

O diretor argumenta que Minyana faz uma espécie de arqueologia da memória. “Ele escreve como se fizesse escavações? retira elementos da memória e os combina de forma não linear para compor uma figura não homogênea”. A disposição desses elementos, de forma fragmentada e pouco nítida, propõe um novo encaixe para essa figura de lembranças. “Minyana nos apresenta uma visão de mundo ilegível, com linhas borradas aos olhos cotidianos”.

 

Do Amor conduz o espectador pela vida dos dois casais: em sua sala, nas montanhas, no verão, com os amigos, nas adversidades, aos 30 ou 70 anos. Ora eles têm um ar sério e empolado como pessoas em luto, ora são adoráveis velhinhos. É possível observar suas vidas sem glórias pelos ritos inevitáveis como ?funerais, reuniões, aniversários. Suas vidas comuns se tornam uma espécie de epopeia, mistério secular, onde o amor é consolo ou derrota ou mesmo uma idéia que os assombra. A memória funciona como intuição de futuro, leitura presente e registro passado. A arquitetura do texto aponta também para uma memória que pode ser construída de imaginação, sob o ponto de vista alegórico que emerge da experiência de estar vivo. As cenas enigmáticas podem ser fragmentos de sonho, delírio, pesadelo ou divagação.

 

A linguagem dramatúrgica de Philippe Minyana em Do Amor ?explora a palavra cotidiana e a transforma em teatro épico. A banalidade da ficção e do discurso é reforçada por um dispositivo textual original. Além do texto dos atores, as rubricas descritivas e poéticas (sobre tempo, silêncio, pássaros) são ditas por um comentarista, chamado Voz Off, e as rubricas narrativas por outro, denominado Texto. Faladas por todos os atores, em revezamento, essa rubricas divagam sobre a atitude dos personagens contradizendo-os ou se reportando ao interlocutor. Esses diálogos polifônicos criam discrepâncias, oposições e rupturas particularmente ricas e fantasiosas.

 

A cenografia (?Heron Medeiros?), a iluminação (?Igor Sane?), o figurino (?Marichilene Artisevskis?) e a trilha sonora (?Dr. Morris?) têm papel fundamental na encenação de Francisco Medeiros, sendo agentes de configuração que, magicamente, expõem as diversas dimensões e profundidades que a peça aborda. O diretor acata o desafio da obra de Minyana que propõe uma estética enigmática, uma plasticidade que explora o espaço e flerta com as artes visuais. O cenário é calcado em uma caixa retangular, com uma espécie de ciclorama ao fundo e espelhamentos na frente e nas laterais. A cenografia se presta às imagens sugeridas pelo texto que passam por texturas turvas ou cristalinas, transparências ou reflexos, duplicações e nebulosidades.

 

 

Ficha técnica

 

Espetáculo: ?Do Amor

Texto: Philippe Minyana

Tradução: Amanda Banffy

Direção: Francisco Medeiros

Elenco: Amanda Ban?ffy, Carlos Baldi?m?, Leonardo Antunes e Laís Marques.

Assistente de direção e preparação corporal: Fabricio Licursi

Cenografia e adereços: Heron Medeiros

Trilha sonora: Dr Morris

Figurino: Marichilene Artisevskis

Iluminação: Igor Sane

Direção de produção e administração: Maurício Inafre

Assistência de produção: Mya Morales

Fotos: Flavio Barollo
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação

Realização: Cacildinha Produções

Co-realização: Banffy Produções Artísticas

 

Serviço

 

Temporada: 3 de setembro a 24 de outubro

Oficina Cultural Oswald de Andrade (Teatro)

Rua Três Rios, 363 ­ Bom Retiro/SP. Te: (11) 3221­5558

Temporada: quintas, sextas e sábados, às 20 horas

Sessões extras: 17 e 24 de outubro, sábados, às 17h

Ingressos: Grátis - Os ingressos devem ser retirados 2h antes das sessões.

Duração: 80 min. Gênero: Comédia dramática anárquica. Classificação: 14 anos

Capacidade: 40 lugares. Ar Condicionado. Não possui acessibilidade.

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