Cultura - Cinema

Cinema polonês e filmes de Ettore Scola

18 de Fevereiro de 2016

 

abrem programação 2016 do Cineclube Araucária

O Cineclube Araucária abre a nova temporada de cinema em Campos do Jordão com duas mostras preparadas para festejar seus cinco anos de atuação ininterrupta na cidade. Assim como em 2015, o projetoCineclube Araucária - O Cinema de Volta a Campos do Jordão acontece com o apoio do ProAC (Programa de Ação Cultural do estado de São Paulo) e parcerias com a Secretaria Municipal de Cultura e AMECampos  (Associação dos Amigos de Campos do Jordão).

 

O projeto prevê, entre fevereiro e novembro, a realização de 20 mostras de cinema. Além das já tradicionais mostras temáticas, a cada mês um país terá a sua filmografia exibida para o público jordanense, entre eles: Polônia, Índia, Irã, Turquia, Rússia, Argentina, França, Canadá, China e o continente africano.

 

A primeira mostra de 2016 traça um Panorama do Cinema Polonês, e acontece nos dias 18, 19, 20 e 21 de fevereiro (de quinta a domingo), incluindo, respectivamente, os filmes A Pequena Moscou, de Waldemar Krzystek, A Rosinha, de Jan Kidawa-Blonski, Cinzas e Diamantes, de Andrzej Wajda, e Tudo o Que Amo, de Jacek Borcuch.

 

Na sequência, o projeto presta homenagem a um artista genial, Ettore Scola, que, falecido recentemente, deixou um legado de verdadeiros tesouros da sétima arte. A Retrospectiva Ettore Scola apresenta nosdias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro (de quinta a domingo) os clássicos Um Dia Muito EspecialO BaileQue Estranho Chamar-se Federico e O Jantar.

 

E a garotada também tem vez no Cineclube Araucária - O Cinema de Volta a Campos do Jordão. As tardes de domingo têm sessões às 15 horas: dia 21, A Espada Era a Lei, de Wolfgang Reitherman; e dia 28, Alice no País das Maravilhas, de Clyde Geronimi e Hamilton Luske.

 

A programação deste ano inclui também uma série de Palestras e Seminários, visando a formação profissional de novos cineastas, com produção de Curtas Metragens que serão destaque na segunda edição do Festival Curta Campos do Jordão, previsto para ocorrer em dezembro deste ano no antigo Cine Glória (atual Espaço Cultural Dr. Além). Outros destaques são a realização do 6º Encontro Cinemúsica de Campos do Jordão e de uma Exposição no mês de julho, na sede da AMECampos, cujo tema será o trabalho dos ilustradores brasileiros que se dedicaram à divulgação do cinema no Brasil.

 

O Cinema Polonês

 

A Polônia tem uma relação intensa com o cinema desde os primórdios da sétima arte. O inventor polonêsKazimierz Prószy?ski patenteou sua primeira câmera cinematográfica em 1894, antes mesmo dos irmãos Lumière. O pleógrafo podia filmar e também projetar, assim como o cinematógrafo dos Lumière que, mais do que construírem a máquina, tiveram também a ideia de criar as primeiras sessões de cinema com a cobrança de ingresso, ainda no final do século 19. A Polônia vivia um momento especialmente conturbado nas décadas que se seguiram ao surgimento do cinema. Depois de mais de um século passando de mão em mão e tendo suas fronteiras redesenhadas, o país conquistou a independência após a Primeira Guerra Mundial e tinha muita coisa para colocar em ordem. Vários talentos cinematográficos acabaram preferindo fazer carreira no exterior: a atriz Pola Negri, por exemplo, estrelou filmes de Ernst Lubitsch na Alemanha e nos Estados Unidos. Seis milhões de poloneses morreram durante a Segunda Guerra, sendo que três milhões eram judeus, incluindo nomes importantes do cinema como o diretor e roteirista Henryk SzaroKazimierz Prószy?ski, o inventor do pleógrafo que morreu no campo de concentração de Mauthausen. O genocídio não foi apenas literal, mas também cultural: universidades, bibliotecas, museus, teatros e cinemas foram fechados ou tiveram a entrada permitida apenas aos germânicos. Os cinemas exibiam apenas filmes, notícias e materiais de propaganda nazistas. Quase 10 anos após o fim da guerra e um ano depois da morte de Stálin, surgiu aquele que talvez seja o mais importante cineasta polonês: Andrzej Wajda, que fez sua estreia com Geração (Pokolenie, 1955), um drama sobre jovens que se juntam à resistência contra a Alemanha durante a ocupação da Polônia e que tinha no elenco o ator principiante Roman Polanski. Seu longa seguinte, Kanal (1957), tem como cenário o sistema de esgoto de Varsóvia, mostrando a malfadada revolta polonesa contra os nazistas em 1944. Cinzas e Diamantes (Popiól i Diament, 1958) completou a trilogia da guerra com uma trama que se passa em 8 de maio de 1945, o último dia da guerra na Europa, contando com um com Zbigniew Cybulski como protagonista, por quem Marlene Dietrich se declarou encantada. A Polônia lança uma média de 50 longas por ano e, embora a grande maioria não chegue ao circuito brasileiro, existem iniciativas como esta do Cineclube Araucária, que permitem que esta arte polonesa possa ser apreciada por aqui.

 

O gênio de Ettore Scola

 

O diretor italiano Ettore Scola (1931-2016) estreou em 1964, com Fala-me de Mulheres e se consagrou com o sucesso de Perdidos na África, de 1969. Uma de suas paixões, que também norteou o tema de vários de seus trabalhos, era explorar a história. Aliás, não existe melhor registro histórico do que o sentido que cada um dá a ela por quem se põe a contá-la, e isso está especialmente evidente no derradeiro trabalho do italiano: Che Strano Chiamarsi Federico, no qual Scola fala da admiração e amizade pelo seu mentor artístico Federico Fellini. Nascido na comuna de Trevico, região da Campania, Scola é, sem dúvida, uma das maiores lendas italianas. Dirigiu quase 40 obras, entre longas e curtas. Antes do cinema, enveredou-se pelo jornalismo após ter se formado em direito. Conhecido por obras-primas - como Nós que Nos Amávamos Tanto (1974), Feios, Sujos e Malvados (1976), Um Dia Muito Especial (1977), O Baile(1983), A Família (1987) e O Jantar (1998) - o cineasta lançou seu último trabalho em 2013, Que Estranho Chamar-se Federico, que preconiza o seu reencontro com Fellini.

 

PROGRAMAÇÃO – FEVEREIRO/2016

 

Panorama do Cinema Polonês

 

  • 18/2 (quinta, 19h30) - A Pequena Moscou

Mala Moskwa, de Waldemar Krzystek. Polônia. 2008. 114’. 14 anos.

Em uma base militar soviética, a maior na Polônia, uma jovem russa casada com um piloto de caça, inicia um romance clandestino com um tenente polonês. O encontro acontece durante a cerimônia do 50° aniversário da Revolução de Outubro. A história é agravada pela invasão das tropas do Pacto de Varsóvia na Tchecoslováquia em 1968.

 

  • 19/2 (quinta, 19h30) - A Rosinha

Rózyczka, de Jan Kidawa-Blonski. Polônia. 2010. 118’. 16 anos.

Após a guerra dos seis dias entre Israel e os países árabes, os estados do Pacto de Varsóvia cortam relações diplomáticas com Israel. O serviço de segurança comunista intensifica a espionagem entre os cidadãos de origem judaica. Um renomado escritor inicia um caso com uma linda mulher que é, na verdade, uma ferramenta nas mãos do serviço secreto.

 

  • 20/2 (sábado, 19h30) - Cinzas e Diamantes

Popiól i Diament, de Andrzej Wajda. Polônia. 1958. 105’. 14 anos.

No último dia da Segunda Guerra Mundial, Maciek, um jovem rebelde ligado à frente nacionalista, recebe a missão de assassinar um líder comunista. Perturbado pela transformação repentina de aliados em inimigos, ele decide aproveitar a vida por uma noite e pensa em desistir da luta.

 

  • 21/2 (domingo, 18h) - Tudo o Que Amo

Wszystko, co Kocham, de Jacek Borcuch. Polônia. 2010. 95’. 16 anos.

Em 1981, o Movimento Solidariedade ganha força, e os rumores de uma revolução na Polônia crescem. Neste turbilhão, os adolescentes Janek e Basia se apaixonam e enfrentam todas as dificuldades políticas do período.

 

  • MATINÊ – 21/2 (domingo, 15h) - A Espada Era a Lei

De Wolfgang Reitherman

Arthur é um jovem menino que sonha em se tornar cavaleiro. Reza a lenda que aquele que conseguir tirar a espada mágica da pedra se tornará o rei da Inglaterra. Merlin, um poderoso, mas atrapalhado mago, sabe que Arthur será o novo rei e por isso, vai até o castelo onde o garoto trabalha prepará-lo para o futuro.

 

Retrospectiva Ettore Scola

 

  • 25/2 (quinta, 19h30) - Um Dia Muito Especial

Una Giornata Particolare, de Ettore Scola. Itália. 1977. 106’. 16 anos.

Roma, 6 de maio de 1938. Benito Mussolini e Adolf Hitler se encontraram para selar a união política que, no ano seguinte, levaria o mundo à 2ª Guerra Mundial. Praticamente toda a população vai ver este acontecimento, inclusive o marido fascista de Antonietta, uma solitária dona de casa que conhece acidentalmente seu vizinho Gabriele. Gradativamente os dois desenvolvem um tipo muito especial de amizade.

 

  • 26/2 (sexta, 19h30) - O Baile

Le Bal, de Ettore Scola. Itália/França. 1983. 112’. 14 anos.

A história da França, dos anos 30 aos anos 80, é contada sem diálogos. Num salão de baile de Paris, casais se conhecem e se desfazem. Figurinos, cenário e música montam a época de cada número, e cada nova dança reflete a situação política e cultural em que vivem os personagens.

 

  • 27/2 (sábado, 19h30) - Que Estranho Chamar-se Federico

Che Strano Chiamarsi Federico, de Ettore Scola. Itália. 2013. 90. 12 anos.

Ettore Scola retrata a vida e obra de Federico Fellini. Com imagens de arquivo e uma retrospectiva desde a estreia do cineasta em 1939, como jovem designer, até seu quinto Oscar em 1993, o filme é feito de fragmentos, impressões e momentos reconstruídos através da imagem. 

 

  • 28/2 (domingo, 18h) - O Jantar

La Cena, de Ettore Scola. Itália/França. 1998. 108’. 12 anos.

O filme se passa em um restaurante. No tempo de um jantar, os dramas de vários personagens se revelam, entre eles os da dona do restaurante, de um culto professor que gosta de jogar cartas, de uma quarentona que tem problemas com a filha, e de um professor universitário preso numa complicada relação amorosa com uma de suas alunas.

 

  • MATINÊ – 28/2 (domingo, 15h) – Alice no País das Maravilhas

De Clyde Geronimi e Hamilton Luske.

Alice é uma garota curiosa e cansada da monotonia de sua vida. Um dia, ao seguir o apressado Coelho Branco, ela entra no País das Maravilhas. Lá ela conhece diversos seres incríveis, como o Chapeleiro Louco, o Mestre Gato, a Lagarta e a Rainha de Copas.

 

Serviço

 

18 a 21/2 - Panorama do Cinema Polonês

25 a 28/2 - Retrospectiva Ettore Scola

Projeto Cineclube Araucária – O Cinema de Volta a Campos do Jordão

Local: Espaço Cultural Dr. Além

Av. Dr. Januário Miráglia, 1582, na Vila Abernéssia. Campos do Jordão/SP

Informações: (12) 3664-2300 – Grátis

www.facebook.com/cineclube.araucaria / www.cineclubearaucaria.org

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