Colunistas - André Garcia

Avaliação: 3.786 km com a Yamaha Super Ténéré 1200 DX

28 de Junho de 2017
Texto: André Garcia // Fotos: André Garcia, André Carrazone, Davi Severo, Divulgação Yamaha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sabe aquela propaganda de cartão de crédito que remete à determinada conquista não tem preço?

Pois bem, é assim que me sinto quando lembro da viagem que fiz para o Sul do Brasil, por pouco mais de uma semana com a Yamaha Super Ténéré 1200 DX.

Sai de São Paulo em uma quarta-feira, já com reunião agendada em Navegantes-SC no período da tarde, no dia seguinte outra reunião em Penha e Florianópolis, na sexta-feira em Porto Alegre, no sábado uma visita a Tacna em Igrejinha-RS, para ajuste de uma jaqueta e ganhar um conjunto segunda pele que foi muito útil e na segunda-feira reunião em Blumenau.   

Antes de sair, encher o tanque, calibrar os pneus e ler o manual

Aproveitei e de Igrejinha fui até Bom Jardim da Serra-SC, por cima, ou seja, da Serra Gaúcha para a Serra Catarinense, já que ainda não conhecia a Serra do Rio do Rastro.

Se saindo de São Paulo até Porto Alegre os dias foram incríveis com sol, pouco vento...no sábado quando amanheceu na capital gaúcha saindo para Igrejinha, o tal ciclone extratropical faria estragos por todo o sul e não imaginava o que enfrentaria se na costa litoranea foi chuva e vento, na serra foi muita, mas muita chuva.

Saindo de Igrejinha as opções seriam por Gramado em asfalto ou cortando caminho por São Francisco de Paula por um trecho off-road.

Quando saia da Tacna já com orientações do meu amigo César Fuchs, chegava um grupo de  motoclube que informados para onde ia, sugeriu que além do conjunto que vestia, colocasse capa de chuva, pois olhando para Gramado era neblina, para São Francisco de Paula...chuva..

Volto em outra oportunidade com tempo bom

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Até Bom Jardim da Serra, em pouco mais de 400 km, desvios devido a formação de crateras, duas paradas devido acidente com caminhão, foram 7 horas de chuva, muita chuva, mas um cenário de tirar o fôlego.

Cruzar as serras gaúcha para catarinense ou vice-versa é uma viagem que não pode faltar no histórico de quem anda de moto, assim como subir para Gramado pela Rota do Sol, que fiz em 2010.

Viajando sozinho, com clima desfavorável, piso de pedras lisas como de Tiradentes-MG, pista de terra até a rodovia sentido São Francisco Xavier e depois rodovia sem asfalto cheia de ranhuras, esburacada com pedra solta e lama dado reforma do piso, ora com neblina com visibilidade de no máximo 5 metros, ora com boa visibilidade, apesar da chuva incessante, não imagino estar com outra moto.

Se pudesse sintetizar em uma palavra a minha companheira de viagem, Yamaha XT 1200Z DX Super Ténéré, seria CONFIANÇA.

Em um primeiro momento, ela assusta pelo tamanho e peso de 261kg em ordem de marcha, mas é possível configurar o banco para 845 ou 870mm de altura do solo, ficou no 845mm.

A ST 1200 combina com qualquer paisagem. Aqui Praia da Armação em Penha SC

Para manobrar, falta perna, afinal só tenho 1,65 de estatura e não me envergonho em manobrar a moto desmontado. Mesmo com aparente peso, quando liga e sai da imobilidade, mesmo em reduzida velocidade, você começa a perceber a bela engenharia dessa máquina, baixo centro de gravidade, seja na distribuição de peso, seja no compasso do bicilíndrico paralelo de 1199 cilindradas, DOHC, 8 válvulas com refrigeração líquida,  com 112 cv de potência a 7250RPM e 11,9 kgfm de torque a 6000RPM,  baixa vibração em qualquer rotação e marcha escalonada. Aqui vale nota: câmbio bem escalonado e preciso como uma relógio suíço, embreagem leve e macia.

Ao sentar o piloto já nota a boa ergonomia, banco confortável, pedaleiras exatas que permitem pilotar de pé, punhos com quase tudo no lugar, com exceção do lampejador que deve ser acionado com o polegar esquerdo ao invés do dedo indicador, aquecimento de manopla e um painel, totalmente, digital que com sol a pico, na chuva ou no escuro tem excelente visibilidade com todas as informações necessárias e que permite a programação a critério do piloto: conta-giros, velocímetro, hodômetros total e parciais 1 e 2, relógio, nível de combustível, marcha engata, consumo médio e instantâneo, tempo de viagem etc… Assim como na TRACER quando entra na reserva,ao invés de iniciar a contagem, seria melhor um trip regressivo mostrando a autonomia (Range).

Em Floripa pausa para matar a sede. 

A suspensão, é um capítulo a parte, eletrônica, com 190.1mm na dianteira e 89mm na traseira, permite  6 (seis) ajustes de mais “mole” para “duro” em cada um dos níveis Hard, Soft e Std, além da configuração para só piloto, piloto + garupa, piloto + bagagem, piloto+garupa+bagagem. Em todas as configurações utilizando piloto+bagagem a ST 1200DX passou ótima sensação: Hard no trecho de rodovia, Soft no trecho urbano e Std no trecho off road e rodovia esburacada. Vale lembrar que calçada com rodas raiadas com medidas de 110/80R19 na dianteira e 150/70R17 na traseira com pneus Metzeler fecha o bom pacote.  

Outro item da eletrônica que surpreendeu foi o controle de tração que funciona em 2 níveis com possibilidade de desligar. No menos intrusivo, nível 1, considerei perfeito quando no trecho entre São Joaquim - Bom Jardim, sem asfalto com ranhura, pedra solta,  chuva, neblina, buscando me desvencilhar de um automóvel que insistia em andar na frente para arremessar pedra, precisei reduzir 3 marchas e fazer um slide para contornar uma curva à esquerda, não houve qualquer interferência do TCC que comprometesse a pilotagem. Ele permitiu a escorregada, informou a atuação sem qualquer engasgo ou corte de aceleração.

Viajar é bom, de moto é fantástico! Entardecer em Penha/SC

Os freios são poderosos, tato, potência, progressividade são perfeitos e o ABS é perfeito, inclusive no trecho off road.

O modo de condução Sport e Touring também é outro capítulo a parte. Quando você altera para o modo Sport além do “delay” do acelerador ficar instantâneo, a pegada muda e o som do escape a 6000RPM fica enfurecido e aí, surgem dois problemas: diminui a autonomia e aumenta a probabilidade de multas. Culpa da Yamaha que realizou uma bela obra de engenharia que passa tanta confiança em piso seco ou molhado, asfalto ou terra, em curvas de alta, média ou baixa velocidade, que, literalmente, encanta o piloto porque aí, necessário  lembrar que você está vestido na moto, considerar a proteção aerodinâmica que simplesmente propicia pilotar por horas e horas e não cansa. Bem verdade que o ajuste do parabrisa precisa ser repensado, é muito burocrático e só é possível com a moto parada, porque o ajuste tem que ser feito dos dois lados. Vale nota: esse motor é fantástico. No modo Sport com a suspensão no Hard é inacreditável a patada que você leva. Engana-se quem pensa que 112cv é pouco, pois o segredo é na entrega da cavalaria.

Depois de 1 semana fora, almoço com a esposa em Monte Verde-MG

Depois de tanto passar perto da Serra do Rio do Rastro e compromissos impedir de conhecer, passei por lá e continuo não conhecendo, já que a neblina e chuva impossibilitou ver aquela beleza. Desci a Serra, por vezes tomando banho de cachoeira, dado as encostas e quando cheguei na BR-101 depois de Laguna, tive dimensão do estrago feito pelo ciclone, o posto de gasolina que tinha abastecido na sexta-feira, literalmente tinha desaparecido. Rumei para Penha onde pernoitei para compromisso no dia seguinte em Blumenau.

Voltando para São Paulo, ainda no final de semana, fui almoçar em Monte Verde-MG, afinal, já que a ST 1200 DX entrou definitivamente na minha lista de desejo, necessário dividir a responsabilidade com a esposa que aprovou veemente o conforto da garupa.

Por maior que tenha sido minha experiência, senti que sobrou moto, busquei clientes Yamaha que tem o modelo e já a testaram em situações piores.

Pelo interior da Argentina

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

André Carrazone Neto, 44 anos, casado, engenheiro mecânico, correu por 8 anos no Enduro de Regularidade e depois mais 5 anos em Rally de carro, viaja para o exterior de moto desde 2009, motociclista desde os 14 anos, a moto está no sangue da família, andava muito com o pai: “Xará, a minha é a STD e está com 47 mil km. A experiência mais incrível que tive com ela, não sei como relatar, foi incrível, na última viagem, onde fui fazer um off muito pesado no noroeste da Argentina e o amortecedor traseiro estourou e mesmo assim, a moto me trouxe de volta para casa. Andei com ela uns 250 km totalmente solta, com o cardã batendo um absurdo. Quando abrimos na revisão, o cardã continuava novo. Fiz o amortecedor e a moto está nova de novo. Qualquer outra moto, teria voltado de guincho….hehehe. Fui ao Equador com ela, cruzando o Peru quase todo por terra. A ST 1200 é um colosso. Gosto muito. A Super é ótima, no meu caso, somente por conta do conforto, acho ela grandalhona para andar na terra, mas tem excelente ciclística, centro de gravidade baixo, a eletrônica extremamente inteligente, digo isso pelo controle de tração e abs que são perfeitos mesmo na terra. As suspensões são espetaculares, mas podiam ter mais carinho com a qualidade do retentor dianteiro e válvula na traseira, por exemplo, assim como ter a possibilidade de trocar o óleo na traseira, o que me fez adaptar, copiando o amortecedor Touratech. A marca é excelente, mas podem melhorar detalhes da suspensão pensando na durabilidade. Temos um revendedor WP aqui em Rio Preto e ele que faz todas as minhas suspensões, que na ST foram “revalvuladas”, você ia ficar doido, a moto parece de enduro. Minha única reclamação mesmo,  é em relação a dificuldade de dar partida no frio mas a frio de verdade com temperaturas abaixo de 5ºC; pelo amor de Deus ninguém merece nessa última viagem, meu amigo e parceiro de viagem, também teve o mesmo probelma, ai dele com menos de 2000 km teve os mesmos problemas de partida que eu”.

André afirma ser uma das fotos que mais gosta. Aqui ele pensando o quanto  ST1200 é fantástica, mesmo com o problema no amortecedor traseiro. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Davi Severo, 43 anos, casado, empresário, está na segunda ST 1200 DX, a primeira eu indiquei após ele passar um perrengue com outra marca e está completamente satisfeito. Sofreu um acidente quando tinha 50 mil km, deu PT e comprou outra. Viaja bastante, cruzando a América do Sul e sua última viagem foi para Ushuaia com zero de estresse: “A moto é um espetáculo!”. A atual já conta com 20 mil km.

Davi e sua 1ª ST 1200DX

Algo que me chamou atenção foi com a autonomia. Apesar da Yamaha informar 22,6 litros no tanque, entra 23 litros e é fantástico você ter a possibilidade de rodar mais de 340 km sem parar, dependendo da mão direita, é possível até ultrapassar os 400km sem pane seca, aliás, como fiz durante a trip. A melhor média foi de 21,86km/l e a pior em 13,8 km/l.

A Yamaha tem um produto fantástico que se aprimorado com perda de peso (é mais leve que a Explorer e mais pesada que a GS), ajuste do parabrisa menos burocrático e porque não elétrico como na TMax DX e que já equipa a concorrente Triumph Explorer XCA (que não tem a pegada off da ST), readequação dos punhos como  lampejador no dedo indicador esquerdo e pisca alerta no punho esquerdo para pilotagem ainda mais intuitiva e atenção na durabilidade da suspensão pensando no off road pesado, na minha opinião se torna perfeita. Respondendo às inúmeras indagações: não, não deve nada para a concorrente BMW. O que uma faz, a outra também, com a vantagem da manutenção ser mais barato e particularmente, gosto mais do “feeling”, da sensação da suspensão convencional da Yamaha, especialmente na terra.

Davi com sua 2ª ST 1200DX em Ushuaia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se teria uma?? Com absoluta certeza!! Não sei se na cor amarela 60 anos como a que viajei ou no azul que é lindo. Na Europa a cor mais linda é a prata com rodas em azul.

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Em Penha fiquei hospedado no Hotel Itapocoroi, lugar que amo e vou desde os meus 15 anos de idade. Simples, limpo e confortável. Atendimento 10. click aqui 

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