Colaboradores - Lica Gimenes

Linfoma não Hodgkin: novas drogas revoluciona tratamento do câncer que afeta sistema imunológico

22 de Setembro de 2019

Linfoma não Hodgkin (LNH). O inusitado nome entrou no vocabulário dos brasileiros depois que personalidades famosas, como os atores Reynaldo Gianecchini, Edson Celulari e a ex-presidente Dilma Rousseff, foram diagnosticados com esse tipo de câncer. E não é à toa que ouvir essas palavras está mais comum: no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano sejam diagnosticados 10.180 novos casos de Linfoma não Hodgkin. E, segundo a entidade, por motivos ainda desconhecidos, o número duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.

Mas, do que se trata esse tipo de tumor? Os Linfomas não Hodgkin são um conjunto de tipos de tumores, que têm origem nas células do sistema linfático, essencial para a proteção de doenças. Existem mais de 60 tipos diferentes, que são tratados de maneiras diversas. O hematologista Evandro Fagundes, do Grupo Oncoclínicas em Minas Gerais, explica que, dependendo das condições dos pacientes, a taxa de cura pode chegar a 60% dos casos.

"Como nos referimos a um conjunto de doenças, cada um com a sua particularidade, não há como fechar um número exato para taxa de cura e isso dependerá das características da doença e também do estado de saúde de quem está passando pelo tratamento", comenta.

Mas se o avanço da doença ainda é um mistério para a medicina, do outro lado, o acesso à informação pela população em geral se mostra ferramenta importante para a melhora no prognóstico dos pacientes.

"Nos últimos 25 anos, o número de novos casos duplicou, em especial em pessoas acima dos 60 anos de idade, mas ainda não se sabe os reais motivos para o surgimento deste tipo de câncer. O LNH pode atingir linfonodos e orgãos extranodais sendo os locais mais frequentes medula óssea, trato gastrointestinal, nasofaringe, pele, fígado, ossos, tireoide, SNC (relacionado ao HIV), pulmão e mama", frisa Sarah Cristina Bassi, hematologista do InORP - unidade do Grupo Oncoclínicas em Ribeirão Preto.

Novas opções de tratamento

O crescimento no número de casos também tem estimulado o desenvolvimento de tratamentos, cada vez mais efetivos. Evandro conta que, inicialmente, as terapêuticas para combater os linfomas mais comuns, que são aqueles que atacam as células do tipo B, são quimioterapia e, ocasionalmente, radioterapia.

"Em geral, o que vemos é que esse tipo de tratamento tem uma efetividade em cerca de metade dos casos", diz Evandro.

Mas as boas novas vem exatamente para os que não respondem a essas opções. "É onde a medicina tem mais avançado nos últimos anos nos tratamentos e remédios, principalmente através da terapia celular", completa o médico.

O autotransplante, que substitui as células cancerígenas por saudáveis, tratadas em laboratório, é uma delas. "Nesse tipo de tratamento é utilizado as próprias células- tronco do paciente. Elas são coletadas por meio de uma veia ou por meio de coleta direta da medula óssea. Após a coleta e criopreservação, o paciente é submetido a um regime de quimioterapia em altas doses, chamado de condicionamento, que tem o intuito de eliminar todas as células. Esse regime quimioterápico leva, consequentemente, à destruição da medula óssea do paciente. Por isso, após a quimioterapia, as células-tronco previamente coletadas são descongeladas e infundidas no próprio paciente", explica Sarah.

Sarah Cristina Bassi, hematologista do InORP - unidade do Grupo Oncoclínicas em Ribeirão Preto
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