Cultura - Educação

Sistema BIM pode ajudar no estudo de antigas populações do litoral brasileiro, aponta especialista

16 de Outubro de 2019

Muito antes dos portugueses chegarem ao Brasil em Porto Seguro, na Bahia, e posteriormente descobrirem o território que hoje é conhecido como a cidade do Rio de Janeiro, populações indígenas já habitavam o território brasileiro e nele desenvolveram sua cultura e civilização por milhares de anos. Agora, o sistema BIM (Building Information Modeling), muito utilizado na construção civil e na arquitetura, pode ajudar arqueólogos e pesquisadores e entender e remontar parte desta história.

Uso do sistema BIM no estudo de sambaquis
Foto: Victor Pacheco

O arquiteto e tenente do exército Victor Pacheco, especialista em sistema BIM, aponta como esta tecnologia pode ser empregada no campo da educação e pesquisa: "O sistema BIM permite integrar novas plataformas com estudos antigos sobre sambaquis, sítios arqueológicos formados por montes de conchas e outros materiais construídos intencionalmente por populações que habitaram o litoral brasileiro até 8 mil anos atrás, aproximadamente. Um exemplo foi a integração de estudos já publicados por Ernesto Salles Cunha, Roncarati & Barrocas, Carelli no Jornal Brasileiro de Arqueologia, pesquisadores do Museu Nacional da UFRJ. Com novas imagens de satélite e o uso do sistema BIM foi possível mapear os sambaquis na região de aproximadamente dois mil anos atrás e comparar com dias de hoje. Assim, se chegou a observar que os sambaquis ficavam posicionados na beira dos rios e do mar, região com riquíssima biodiversidade".

Victor ressalta outro avanço no campo da arqueologia possibilitado pelo uso da modelagem de dados e da tecnologia do sistema BIM: "O Museu Nacional da UFRJ divulgou em 2018 uma reconstrução facial realizada a partir de um esqueleto em bom estado de preservação encontrado na década de 1980, em escavações no sítio Sambaqui do Zé Espinho, localizado na região de Guaratiba, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. O estudo revelou que os ossos eram de um homem de 38 anos e com cerca de 1,50 m de altura, batizado Ernesto, em homenagem ao odontólogo Ernesto de Salles Cunha (1907-1977), um dos pioneiros nos estudos de paleopatologia de povos antigos no Brasil".

O rosto de ‘Ernesto’, sistema BIM utilizado na reconstrução facial de cerca de 2 mil anos atrás
Foto: Museu Nacional UFRJ

 Victor Pacheco 

Arquiteto, Urbanista, Oficial do Exército Brasileiro, MBA em orçamento, planejamento e controle e especialista em sistema BIM. Realizou curso de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (PNLD) na Polícia Federal do Brasil e Fiscalização de Obras Públicas na Escola Nacional de Administração Pública.  

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