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A poesia de Lucão: compartilhamento para a reflexão e o amor

18 de Agosto de 2020

Foi esse o  movimento que  o autor acompanhou em suas publicações replicadas pelas redes sociais. Hoje tem mais de 500 mil seguidores no Instagram e é conhecido pela linguagem simples e lírica. O instapoeta participa de live da 40tena Cultural no dia 19 de agosto, a partir das 19h

O projeto 40tena Cultural promovido pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto traz na nesta quarta-feira (19) o escritor Lucão para uma live com o tema “Instapoetas – escrita criativa”, a partir das 19h, no Instagram da Fundação (@fundacaolivrorp).

O goiano Lucão, 35 anos, tem meio milhão de seguidores na plataforma Instagram e com a chegada das redes sociais ficou conhecido por poemas e textos que passou a publicar nos seus canais. Como instapoeta conduz sua produção com leveza e lirismo, características resultantes de seu olhar atento em buscar a poesia nas coisas simples.

O salto da internet para as páginas impressas do livro aconteceu em 2006, quando foi convidado por uma editora a publicar pela primeira vez e viu que a história ficaria mais séria. Ele, que era publicitário, a princípio levou as duas profissões como vidas paralelas, mas sempre encarou a literatura como um prazer que exigia rigor.

Três anos depois do lançamento do primeiro livro, uma decisão foi necessária: acabou deixando a publicidade para viver, exclusivamente, da literatura e do trabalho com a escrita. “Foram 15 anos desde que comecei a escrever para publicar o primeiro livro. Uma transição lenta e madura, como precisava ser”, analisa o autor. Até hoje, já escreveu três livros de poesia “É cada coisa que escrevo só para dizer que te amo”, “Telegramas” e “Dois Avessos”; e um de crônicas “Viver não pode ser só isso”, em três volumes. 

A tendência para a literatura surgiu cedo e dentro de casa. O escritor conta que foi incentivado primeiro pela mãe, que sempre foi uma grande leitora e isso o encantou muito. “Eu adorava vê-la lendo, estudando. Foi um exemplo. Ela também mantinha sempre muitos livros em casa. Um dia, comecei a fazer uso de alguns deles e me apaixonei também pela literatura”. Já o pai, por ser jornalista e apresentador de programas de rádio e TV gerou nele um fascínio pela comunicação. “Meu caminho acabou sendo através da palavra escrita, sem dúvida, influenciado pelos dois”. E não parou mais.

Influências e carreira

Lucão diz que Luis Fernando Veríssimo é um dos responsáveis por ele usar uma linguagem mais simples e popular e enumera poetas que também o influenciam na escrita, como Mario Quintana, Manoel de Barros, Adélia Prado, Pablo Neruda, Ferreira Gullar, a maioria apresentados a ele por Rubem Alves. O que o atrai nestes autores é a riqueza e a simplicidade nos versos. Já quanto aos romancistas cita García Márquez, Elena Ferrante, Domenico Starnone e explica que tanto os recentes quanto os antigos, o influenciam o tempo todo. “Gosto das novidades, mas sempre volto aos meus mestres”.

Para o escritor, trabalhar com literatura exige organização financeira e planejamento. “É uma jornada difícil. Bastante, mas possível. Principalmente para quem ama esse universo como eu amo”.

A popularidade de Lucão nas redes sociais aconteceu de forma natural. Segundo o instapoeta não houve nada repentino, mas basta acessar o seu canal que lá estão mais de 500 mil seguidores, que ele atraiu durante 10 anos publicando na internet. “Eu não imaginava, mas as pessoas pegavam os poemas e replicavam, como uma mensagem de coragem ou declarações amorosas. A poesia servindo para a reflexão ou para o amor. Foi um movimento interessante”. Quando percebeu, uma centena de milhares de pessoas o seguiam e aí entendeu que havia perdido as suas redes sociais para ele mesmo.

Essa proximidade do instapoeta com o internauta é vista por Lucão como algo positivo, mas afirma que não pensa nisso para ter mais liberdade ao escrever.  Ele prefere não ficar preso no que irão pensar ou em como irão reagir com sua escrita, mas confessa que adora ver os leitores presentes e se manifestando com apreço pelo que escreve. “Tem um valor isso e eu retribuo respondendo, sempre que posso. É uma relação de muito respeito e até amizade”, conclui.

Produção no isolamento

Estar em isolamento é algo que ele já vinha experimentando com a profissão de escritor, pois sempre trabalhou em casa. A pandemia não mudou muito a sua rotina, mas mexeu com sua autocrítica. No começo, ele achou que sua escrita estava boa, depois passou a achá-la ruim. Agora deixou de avaliar e diz que só aceita tudo que tem feito neste período. “São tantas notícias, tantas outras guerras que a gente precisa travar e vencer nesse momento que, sem dúvida, afetou minha escrita”.

Para vencer o momento, ele confessa que tem lido bastante, talvez mais do que antes.  No momento, o autor tem escrito histórias que ainda não sabe avaliar qualitativamente e optou pela diversificação dos gêneros. “Escrevi muito mais crônicas. Aliás, até lancei uma coletânea de crônicas, um livro em 3 volumes, o “Viver não pode ser só isso”, pela Amazon/Kindle”. A coletânea traz histórias baseadas em memórias, em reflexões de experiências vividas. Essa obra o ajuda a pensar na vida de hoje.

Quanto a à poesia, ele conta que perdeu o controle dos versos. “Ora quero um poema de amor, mas o poema não sai. Sai zangado. Ora é o contrário, quero um poema zangado e sai amoroso”, destaca. O escritor esclarece que passar pela pandemia sem ser afetado seria também um sinal horrível sobre ele.

A conversa com Lucão na live da Fundação do Livro e Leitura é aberta e gratuita e será mediada por Fran Micheli, jornalista ribeirão-pretana e autora do livro “Impróprio para Consumo”, e de uma reunião de crônicas e textos publicados em seu blog “Mãe, já acabei”, que está na internet há mais de 12 anos.

40tena Cultural

Durante mais de três meses de programação consecutiva, a 40tena Cultural já realizou quase 50 atividades e interagiu com mais de 15 mil pessoas. O projeto, realizado pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, tem como proposta incentivar as pessoas a ficarem em casa durante o período de isolamento social, em virtude da pandemia do coronavírus (Covid-19). Semanalmente são divulgadas atividades que abrangem desde as transmissões ao vivo com artistas e convidados até contação de histórias para crianças, show, dicas e discussões de livros. Para acompanhar a programação semanal, basta acessar as redes sociais da Fundação do Livro e Leitura:

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Sobre a Fundação

A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos. Trata-se de uma evolução da antiga Fundação Feira do Livro, criada em 2004, especialmente para realizar a Feira Nacional do Livro da cidade. Hoje, é considerada a segunda maior feira a céu aberto do país, realizada tradicionalmente no mês de junho.  Em 2020, a Feira entra na 20ª edição, torna-se internacional e recebe nova identidade, apresentando-se como FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto).

Com uma trajetória sólida e projeção nacional e agora internacional, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da Feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura com calendário de atividade durante todo o ano. A Fundação se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.

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