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Turismo, fábrica de empregos

3 de Outubro de 2013

Governos são como deuses, pois controlam uma torneirinha que, quando aberta, promove vida, mas se é fechada, pode matar. Este poder, também conhecido como política pública, lida com bens escassos que precisam ser administrados com critério e sabedoria. O turismo não é imune, e dois exemplos recentes e até opostos em Estados brasileiros ilustram isso.

De um lado, está o governo do Paraná, que decidiu extinguir a Secretaria de Turismo, que deverá ser absorvida pela pasta da Cultura. Esta é uma decisão que pode até ser revertida eventualmente, mas em si demonstra uma visão no mínimo equivocada do setor. Turismo não é só cultura, mas principalmente uma poderosa indústria que alavanca empregos e promove riquezas.

No extremo oposto, o governo do Rio Grande do Norte, após ouvir os argumentos da CVC, a maior agência do país, se prepara para reduzir os impostos exorbitantes sobre querosene de aviação. Os custos menores viabilizam a volta dos voos charters turísticos semanais, que desapareceram.

Governos são entidades abstratas, exercidas por governantes, estes sim de carne e osso. Raras são as autoridades públicas que conseguem estabelecer as prioridades e têm visão de longo prazo. Por isto, seus nomes são lembrados para sempre, como referência. Já a maioria se deixa guiar pela vaidade e ambição, e sua importância se evapora quando os mandatos se extinguem.

Mas, vamos ser francos. A maior parte dos empresários e ideranças de associações do turismo brasileiros tem boa parcela de culpa pela situação. Ao se omitir de decisões que afetam os próprios negócios, permitem que maus governantes decidam ao sabor dos ventos políticos o que é melhor para um setor tão estratégico para o desenvolvimento do país.

O resultado é o que se vê: a gestão pública do turismo, ao invés de se ocupar com o planejamento e administração de recursos, acaba sendo loteada por políticos desinformados, de segunda linha, ou meros oportunistas que só esperam a primeira chance para pular a outra posição de seu maior interesse.

Parcerias como a da CVC com o Rio Grande do Norte precisam ser repetidas em mais destinos. Neste caso, a iniciativa partiu de Valter Patriani, veterano executivo que em boa hora retornou à CVC, à frente das vendas. “Com o fim dos voos fretados ao Nordeste, o turismo dali perdeu força. Era preciso fazer alguma coisa, pois cada um dos 150 passageiros que fica uma semana no local gasta em média R$ 200 por dia”, ele explica.

Patriani promoveu um encontro com a governadora Rosalba Ciarlini, que se mostrou sensível aos argumentos. Bastou uma matemática simples: o imposto que o Estado deixa de arrecadar por voos adicionais (e que sumiram) retorna multiplicado em consumo dos turistas, gerando empregos em hotéis, passeios, lojas e restaurantes.
Ele cita o exemplo das ilhas do Caribe, que estimulam a indústria, pois seus governantes sabem que cada quatro turistas geram um novo posto de trabalho.
Será que é tão difícil aos governos brasileiros entenderem isso também?

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