Colaboradores - Julio Di Madeo

Lockdown - funciona ou não?

5 de Dezembro de 2020

A pandemia do novo Coranavírus (Covid-19) gerou uma série de incertezas, que ainda provocam diversos debates e difusão de ideias, algumas vezes até contraditórias, sobre quais são as melhores e mais indicadas estratégias para conter a proliferação do vírus até a produção de uma vacina eficaz.

No meio de todo esse debate e visões de especialistas das áreas da saúde, econômica, política, entre outros, está o “lockdown”, que pode ser definido como bloqueio ou isolamento total. No entanto, a grande dúvida é se a ação funciona efetivamente ou não.

Do ponto de vista econômico, essa medida é vista como uma ação radical por parte dos governantes prejudicando comércio, indústria, prestação de serviços e a geração de renda em todos os níveis. Alguns especialistas chegam a considerar o “lockdown” como uma medida de restrição às liberdades individuais e um controle totalitário da população sem qualquer evidência empírica sobre os resultados alcançados.

Para outros, somente o “lockdown” é uma medida paliativa, já que são necessárias outras ações, ou seja, somente o isolamento sem outros cuidados não resolve a situação e voltamos às restrições sociais e econômicas.

Exemplos temos vários e em diversos países, mas cada ponto de vista ressalta um recorte da realidade, o que torna a informação, pelo menos, limitada. Podemos encontrar dados que comprovam a eficiência e outros que demonstram que nada foi resolvido.

O jornal alemão Deutsche Welle, publicou na edição do dia 23 de novembro, uma reportagem mostrando como a Finlândia está entre os países do mundo que melhor tem conseguido controlar a pandemia. De acordo com informações da Universidade Johns Hopkins, localizada nos Estados Unidos, cerca de 21.216 pessoas foram infectadas no país desde o início do ano e 375 pessoas morreram em decorrência da infecção. Em nenhuma outra nação europeia as taxas são tão baixas.

Em países com uma população semelhante a da Finlândia os casos registrados foram muito superiores. A Dinamarca tem cerca de 65 mil casos, mais do triplo de infectados, na Eslováquia cerca de 88.600 pessoas contraíram o vírus, a Suécia registra cerca de 192 mil infectados, quase 10 vezes mais casos.

A Finlândia foi um dos países que adotou o “lockdown”, mas teve uma série de outras medidas, como um sistema de rastreamento rápido de pessoas contaminadas ou que tiveram contato com pacientes positivos e facilidade de adaptação das pessoas por ter uma sociedade altamente digitalizada, entre outros.

Por outro lado, no Peru, que promoveu o “lockdown”, é o terceiro país, em termos proporcionais, com maior registro de contaminação e mortes no mundo. Com uma população de 32 milhões de habitantes, o Peru já tem 934 mil casos confirmados da doença e 35,1 mil mortes, segundo a Universidade Johns Hopkins.

Novamente, o debate do tema vem acompanhado de outros fatores como falhas no sistema de saúde, questões sociais como a falta de geladeiras na maioria dos domicílios impedindo o estoque de comida, aglomeração nos bancos em busca do auxílio emergencial e desrespeito às medidas de distanciamento social.

Diante desse panorama nos restam muitas dúvidas sobre a questão principal: o “lockdonw funciona ou não”, mas fica uma certeza, o combate à pandemia não está restrito a uma única solução.

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