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Junho Verde, o Mês da Conscientização da Escoliose

1 de Junho de 2021

Hoje inicia o Junho Verde, uma campanha de conscientização da escoliose. Para entender um pouco mais sobre o assunto, o Cartão de Visita News foi conversar com o Dr. Fernando Herrero, um dos fundadores e diretor da ONG Mude a Curva. Ele explicou como funciona em detalhes, confira:

BSSG - Brazilian Spine Study Group. Trata-se de uma entidade associativa sem fins lucrativos, constituída em 2019 por médicos especialistas em coluna de diversas partes do Brasil e que surgiu com o intuito de disseminar conhecimento médico, desde conceitos básicos até avançados, através de cursos específicos para cirurgiões em formação e/ou atualização.

Com a progressão e sucesso destes cursos, o BSSG abriu mais duas frentes de atuação, a de pesquisa, que visa coletar e reunir dados de qualidade para otimizar a produção científica na área e a assistencial filantrópica, representada pelo Projeto Mude a Curva, que objetiva minimizar o número de crianças aguardando uma cirurgia para correção de escoliose na fila do SUS, em regiões carentes do país.

Em dezembro de 2019, o primeiro evento do Mude a Curva, ocorreu em Recife. Com 23 crianças operadas através de uma parceria inédita entre o BSSG, o poder público, através da Secretaria Estadual de Saúde e indústria privada, através da Medtronic com a doação de todos os implantes necessários para os procedimentos. Esta ação se repetiu em São Luís do Maranhão, em janeiro de 2021, desta vez com 28 crianças operadas.

Este ano de 2021, dois eventos Mude a Curva já estão programados, em Teresina em agosto e em Manaus em dezembro. 

Precisamos do suporte da sociedade civil para que possamos concretizar essa meta de minimizar o tempo de espera para uma cirurgia dessa, que pode chegar há 6-7 anos em algumas cidades do norte nordeste do Brasil.

Uma das principais preocupações na Escoliose é a progressão da deformidade com aumento da curvatura.

Essa progressão, quando ocorre, se dá principalmente na fase em que a criança/adolescente tem o crescimento mais acelerado, o que se chama estirão de crescimento. Por isso a importância do diagnóstico precoce e encaminhamento para o tratamento adequado.

No entanto, em curvas de maior valor angular (geralmente acima de 50°), essa progressão tende a ocorrer mesmo na fase adulta. Ou seja, a deformidade vai piorar, além das alterações degenerativas na coluna que naturalmente ocorrem com a idade e tendem a ser pior quando se tem escoliose.

Por isso que a escoliose nos indivíduos com idade avançada geralmente acompanham dor importante, o que frequentemente leva a um prejuízo na qualidade de vida desses idosos.

Você conhece alguém que tem escoliose? Ajude a divulgar essas informações para o maior número de pessoas possível.

Segundo Murilo Daher, a escoliose é uma deformidade coluna vertebral. "A coluna vertebral é reta quando vista de frente, de lado possui curvas que são fisiológicas (lordose lombar e cifose torácica). A escoliose é a angulação da coluna para o lado. Além da angulação lateral, existe uma rotação da vértebra, constituindo uma deformidade tridimensional. Essa rotação vertebral leva também a uma deformidade da caixa torácica, que pode levar a outras repercussões, principalmente pulmonares. A piora da função pulmonar vai depender do grau da deformidade e da idade de aparecimento da mesma. Quanto mais precoce, maior o risco de repercussões da função pulmonar. Esse comprometimento pulmonar, em casos mais graves, pode levar a falência da parte cardíaca".

Você sabe como ver se alguém tem escoliose? "É muito importante o diagnóstico precoce e muitas vezes são os pais ou professores que veem pela primeira vez alguma alteração na coluna da criança. Qualquer um dos seguintes achados um médico especialista em coluna deve ser procurado: desalinhamento na altura dos ombros, assimetria da cintura, inclinação do corpo para um dos lados, presença de deformidade das costelas,  nas escapulas ou nas costas da criança. Na dúvida um jeito fácil de visualizar é pedir para a criança inclinar o tronco a frente como se fosse tocar os pés sem dobrar o joelho e observar se há alguma assimetria visível nas costas dela. E só pra reforçar, o mais importante é avaliação o quanto antes pelo especialista em coluna na presença de qualquer um dos achados acima!", explica Ricardo Acácio.

Tratamento de Escoliose

O tratamento cirúrgico pode ser indicado de maneira simplificada por três motivos: Impacto direto da escoliose na qualidade de vida, risco de progressão elevado e em alguns casos, queixa estética.

O tratamento das escolioses irá variar, de acordo com o tipo de escoliose (Idiopática, Neuromuscular, Congênita...), com o tamanho da curva,risco de progressão, com a idade e condição de saúde do paciente.

O tratamento cirúrgico tem como objetivo principal prevenir o avanço da curva e corrigir ao alinhamento coronal e sagital do paciente, beneficiando a aparência e minimizando as complicações de curto e longo prazo relacionadas a escoliose.

Quando necessária a abordagem cirúrgica, os cirurgiões de coluna lançam mão de diversas classificações para escolher quais e a quantidade de níveis que sofrerão artrodese, que é uma fusão entre vértebras .

Apesar de o tratamento cirúrgico das escolioses, geralmente ser um procedimento extenso. Hoje em dia, existem vários recursos que podem tornar a cirurgia menos agressivas e bastante segura para os paciente, como é o caso da monitorização da médula, de auxiliares da coagulação, de materiais cirúrgicos mais modernos e etc.

O principal método para realização de cirurgias de escolioses é a via posterior, nela são basicamente utilizados parafusos pediculares e barras que têm o objetivo corrigir parcialmente a curva mantendo um tronco equilibrado e impedir a progressão da deformidade através da artrodese. Em alguns casos e necessária a utilização de osteotomias, que são estruturas ósseas utilizadas para aumentar a mobilidade da coluna e permitir maior capacidade de correção. Também não podemos esquecer das correções de escoliose por via anterior que já foram muito utilizadas no passado e que hoje se destinam a alguns casos bem selecionados.

Ademais, quando falamos de tratamento o paciente pode se deparar com o termo cirurgia seletiva. Esse termo se refere a possibilidade de que apenas uma das curvas da escoliose, em sua maioria estruturada, seja tratada e haja a correção da curva secundária.

Tratamento conservador da escoliose

Quando alguém nos fala que tem escoliose ou descobrimos que alguém de nossa família apresenta esse problema, logo nos vem a cabeça a imagem de uma grande e complicada cirurgia. Mas isso nem sempre é verdade, aliás, é importante sabermos que a minoria dos pacientes que possuem escoliose vão necessitar de cirurgia como tratamento.

Existem duas formas de tratamento não cirúrgicos que podem ajudar a prevenir a piora da escoliose, os coletes e alguns tipos exercícios.

Os coletes devem ser prescritos por cirurgiões de coluna qualificados e possuem indicações precisas para os casos mais leves da doença e para pacientes ainda em fase de crescimento, pois uma vez as curvas ficam muita grandes ou o paciente já atingiu o crescimento ósseo, o colete perde sua eficiência. Reforçando assim a necessidade de estarmos atentos e realizarmos o diagnóstico o quanto antes.

Já os exercícios, devem ser orientados por fisioterapeutas capacitados em técnicas bem específicas de tratamento descritas por profissionais italianos e alemães, e também podem ajudar a prevenir a progressão da curva da escoliose. Mas lembre-se, assim como para o colete, os exercícios funcionam somente em alguns casos, especialmente quando as curvas são menores e mais flexíveis, ou seja, quando o diagnostico foi feito bem no começo da doença.

Ambas as formas de tratamento não cirúrgico da escoliose precisam de muita atenção dos pais e pacientes para o diagnóstico precoce, e de muita dedicação para que o tratamento seja eficiente.

O apresentador do Cidade Alerta Interior, da Record TV, Rodrigo Pagliani entrou na campanha e divulgou um vídeo:

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