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Protocolo Covid-19 auxilia rotina de cuidados a pacientes que sofrem com sequelas da doença

29 de Novembro de 2021

Documento pioneiro e inédito no Brasil foi construído por profissionais da Saúde, pesquisadores de universidades e consultores científicos de empresa de tecnologia

Se num primeiro momento, a preocupação central dos profissionais de Saúde é preservar a vida de quem adoece de Covid-19, a segunda etapa desse processo traz um pacote de questionamentos tão desafiador quanto o socorro imediato e os cuidados no hospital, que é saber como lidar com as sequelas da doença no período pós-internação.

No final de outubro, depois de 203 dias entre a vida e a morte no hospital, Sara Nemer - mãe do humorista Jonathan Nemer - recebeu alta. Mas como vários outros pacientes, ela foi para casa numa cadeira de rodas, levando um cilindro de oxigênio e uma diversa agenda de fisioterapias. Os estragos deixados pela doença - que tem ciclo ativo de 14 dias - podem alcançar diferentes áreas do organismo, e desde o final de 2019, quando a China anunciou o primeiro surto da doença, a fase de recuperação pós Covid tem colocado a comunidade científica mundial em alerta constante.

No Brasil, um documento inédito produzido por uma equipe multidisciplinar, tem não somente ajudado os profissionais da Saúde no manejo desse momento, como ordenado ações e práticas no sentido de obter maior eficiência nos cuidados dos pacientes com sequelas pós-Covid, dentro e fora da unidade hospitalar. “O sintoma mais comum da Covid-19 em pacientes críticos é a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SDRA). Mas há várias outras questões que merecem atenção de diferentes especialistas”, explica Karen Cristina Laurenti, fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Hospitalar com enfoque em UTI, e integrante da equipe que formatou o Protocolo Covid.

A fisioterapeuta comenta que o processo de recuperação pós Covid vai além dos testes negativos para a presença do vírus no organismo, exigindo o envolvimento de profissionais de diversas especialidades na aplicação do Protocolo. “Hoje, sabemos que o potencial destrutivo do coronavírus vai além da infecção respiratória, podendo causar comprometimento cardiovascular, muscular, articular, lesões de pele e bucais, alterações de sensibilidade, distúrbios de voz, insônia, tromboses, problemas de memória e concentração, entre outras consequências. Por isso, o Protocolo foi desenvolvido para prover o melhor atendimento em cada caso e melhorar a saúde e o bem estar dos pacientes”, pontua Karen Laurenti, que também é mestre em Bioengenharia e doutora em Engenharia Mecânica, ambas pela Universidade de São Paulo (USP).

Abrangência

No total, oito áreas estão contempladas pelo Protocolo Covid: Reabilitação muscular, neurológica, articular, Tratamento pulmonar em UTI e enfermaria, Reabilitação Orofacial (fonoaudiológica e odontológica), Fotobiomodulação Sistêmica Vascular, Tratamento e Prevenção de lesões dermatológicas. “Até agora, foram listados para este Protocolo os sintomas mais persistentes após a recuperação da Covid. Mas essa lista tem crescido e alterado as estatísticas de prevalência diariamente. Sabemos que as sequelas são reais e que podem variar de paciente para paciente, conforme o grau de severidade manifestado no pico da doença”, esclarece Karen Laurenti.

A base do Protocolo é a fotobiomodulação, processo que provoca alterações biológicas no organismo devido à interação de partículas de luz com átomos ou moléculas, apresentando bons efeitos gerais metabólicos, analgésicos, antiinflamatórios e imuno-modulares. “A vantagem da fotobiomodulação é a melhora da função pulmonar, ao mesmo tempo em que restaura a disfunção de múltiplos órgãos, melhorando a cura em doenças inflamatórias pulmonares graves, como é o caso das sequelas deixadas pela Covid. E, ainda, é uma terapia não invasiva, sem efeitos colaterais e sem interações medicamentosas, disponível e econômica. Uma modalidade de tratamento muito promissora”, sublinha a fisioterapeuta Laurenti.

Outro ponto relacionado pelo Protocolo Covid é a utilização de terapias combinadas em aplicação simultânea, como, por exemplo, ultrassom associado ao laser ou vacuoterapia associada ao laser. A intenção é potencializar os efeitos, reduzindo o tempo de tratamento e de reabilitação do paciente, oferecendo maior agilidade ao retorno às atividades da vida diária. “Os pesquisadores estão em constante busca por respostas sobre os diferentes efeitos do coronavírus em quem adoeceu de Covid, e os trabalhos científicos mostram que os cuidados não terminam depois da fase aguda da doença”, completa a fisioterapeuta.

Tecnologia

A formatação do Protocolo Covid envolveu 14 profissionais de diferentes áreas, dentro e fora da Saúde, incluindo o setor de engenharia de equipamentos tecnológicos para dar suporte à sua aplicação. Renovadora de esperança especialmente para quem sofre de alguma doença crônica, a tecnologia aplicada à Saúde tem permitido oferta cada mais ampla de tratamentos seguros, que aumentam as chances de alívio de dor e/ou cura.

Além de profissionais e de instituições como Universidade de São Paulo e Universidade do Estado de Minas Gerais, o Protocolo conta com participação de empresas como a MMO, de São Carlos, no interior de São Paulo, que desenvolve equipamentos inovadores para uso em vários setores da Saúde. Casos dos aparelhos descritos pelo Protocolo Covid, como Recover, Laser Duo, Vacum Laser, Recupero, Luminus e Vênus. Todos contando com parceria do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP - São Carlos), e aprovados pelo Inmetro e Anvisa.

“A integração com essas instituições acadêmicas é fundamental para aproximar o conhecimento teórico da realidade prática. E é isso que permitiu a construção deste Protocolo e oferecer aos pacientes, por meio dele, um tratamento diferenciado, rápido, eficaz e seguro”, finaliza a fisioterapeura Karen Laurenti, consultora técnica em Fisioterapia na MMO.

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