Cultura - Teatro

Outra Revolução dos Bixos

10 de Janeiro de 2024
Gustavo Damasceno em Outra Revolução dos Bichos
Créditos: Michel Langer

O clássico de George Orwell recebe nova encenação, transformada num solo. Gomlevsky embarca na aventura de se autoimpor um desafio cênico: numa espécie de “Dogma 95” do teatro, depois de uma montagem exuberante d’A Revolução dos Bichos em 2022, com 20 atores num palco repleto de feno e múltiplos efeitos de luz, ele dirige agora nova versão, com um único ator em cena, Gustavo Damasceno, que se vale somente do trabalho corporal e de sua técnica como mímico.  

Grande influência no trabalho de Bruce Gomlevsky desde os anos 2000, Dogma 95, movimento do cinema dinamarquês criado em 1995 pelos cineastas Lars Von Trier e Thomas Vinterberg, buscava o resgate de um cinema essencial, livre de artifícios, focado na história, no desempenho dos atores e na autonomia criativa dos diretores. Uma resposta aos blockbusters com grandes orçamentos e excessivos efeitos especiais. 

“Animal Farm”, fábula sobre um grupo de animais que se rebela contra a exploração por parte dos humanos, é inspiração para uma reflexão sobre as estruturas de poder. 

ESTREIA: 12 de janeiro (6ªf), às 20h

ONDE: Espaço Cultural Municipal Sergio Porto

Rua Humaitá, 163 - Humaitá, RJ   Tel: (21) 2535-3846 

INGRESSOS: R$60 e R$30 (meia) / HORÁRIOS: sextas e sábados, às 20h; domingo 19h / CAPACIDADE: 98 lugares / DURAÇÃO: 80 min / CLASSIFICAÇÃO: 14 anos / GÊNERO: drama / ACESSIBILIDADE: sim / TEMPORADA: até 28 de janeiro

O romance “Animal Farm”, lançado em 1945 pelo escritor, jornalista e ensaísta George Orwell (1903-1950), um clássico contemporâneo, é um dos livros mais lidos do mundo. O texto de Orwell é uma fábula sobre um grupo de animais que se rebela contra o dono da fazenda e a exploração por parte dos humanos. 

A obra, uma alegoria sobre o totalitarismo, mais especificamente sobre os rumos tomados pela Revolução Russa de 1917, converge com a pesquisa temática da peça, que se debruça sobre a relação entre as estruturas do poder - nas esferas pessoal e coletiva -, e sobre a questão do totalitarismo no mundo de hoje. 

SINOPSE

Os animais, cansados da exploração na fazenda em que vivem, organizam um movimento, expulsam os humanos e acabam por tomar o controle do espaço. Com o sucesso da missão, surge o Animalismo, regime em que todos os animais seriam iguais em direitos. Porém, uma vez implementado o novo sistema, sem a presença de humanos e com a liderança dos Porcos, aos poucos começam a emergir a sede de poder e a tolerância à corrupção.

A MONTAGEM

Nesta nova versão em formato de monólogo, o ator Gustavo Damasceno dá vida ao protagonista e narrador da história, o porco Napoleão, além de se desdobrar nos inúmeros personagens da fazenda que compõem a icônica fábula de Orwell.

A pesquisa cênica se concentra na descoberta de uma expressão corporal e vocal para a composição dos personagens-bicho, aprofundando assim, a pesquisa da Companhia sobre o afastamento do naturalismo interpretativo. 

“Antes, 20 atores em cena. Agora, um monólogo. Neste novo espetáculo, há uma busca pelo que há de mais essencial no teatro. Deste modo, toda a teatralidade e potência cênica se revela no corpo-voz do ator, ao mesmo tempo em que abro mão, como encenador, da maquiagem/caracterização, da música pré-gravada, de efeitos de luz complexos e mesmo de um cenário construído, transformando assim a falta de recursos em criatividade e poder de síntese.”, explica do diretor.

FICHA TÉCNICA

Dramaturgia: Daniela Pereira de Carvalho 

Encenação, Cenário e Figurino: Bruce Gomlevsky 

Elenco: Gustavo Damasceno

Iluminação: Elisa Tandeta 

Fotos: Michel Langer

Projeto Gráfico: Redson Pereira 

Direção de Produção: Gabriel Garcia 

Realização: Cia Teatro Esplendor 

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany

BRUCE GOMLEVSKY - diretor

Bruce Gomlevsky é ator, produtor e diretor teatral, trabalhando em teatro, cinema e televisão. Com 30 anos de carreira, atuou em 50 peças, dirigiu 30 e produziu 19.

É vencedor de diversos prêmios de teatro como melhor ator e diretor. Participou de mais de 50 espetáculos e entre seus principais trabalhos como ator e diretor em teatro destacam-se: “Uma Ilíada”, de Lisa Peterson e Denis O’Hare (prêmio Censgranrio de melhor ator); “O homem travesseiro”, de Martin Mc Donagh (prêmio APTR de melhor direção e melhor espetáculo 2012); “Festa de Família”, de Thomas Vinterberg; “A volta ao lar”, de Harold Pinter; “Cyrano de Bergerac”, “Renato Russo, o musical” (em cartaz até hoje, e indicado ao Prêmio Shell de melhor ator 2007); “O Diário de Anne Frank”, “Timon de Atenas”, de Shakespeare, com Vera Holtz; os premiados “Um Tartufo” e “A Revolução dos Bichos”, entre outros. É fundador e diretor artístico da Cia Teatro Esplendor no Rio de Janeiro. 

No cinema, participou como ator dos filmes “Deus é brasileiro” 1 e 2, de Cacá Diegues; “Apolônio Brasil”, de Hugo Carvana; “Quase Dois Irmãos”, de Lúcia Murat; "Polícia federal - a lei é para todos", de Marcelo Antunez; "Elis", de Hugo Prata; "O Escaravelho do Diabo", de Carlo Milani. 

No audiovisual, esteve recentemente na 2ª temporada da série “Desalma”, do Globoplay, e está estreando a 4ª temporada da série “Impuros”, no Starz+, além dos longas-metragens “Deus ainda é brasileiro”, de Cacá Diegues; “Polacas”, de João Jardim, Maurício de Souza de Pedro Vasconcelos; e “Mensageiro”, de Lucia Murat.

A CIA TEATRO ESPLENDOR

Fundada em 2008, a Cia Teatro Esplendor realizou nos últimos treze anos, importantes e premiados espetáculos. Entre eles podemos destacar: “Festa de Família”, "O homem travesseiro" de Martin McDonagh, "A volta ao lar" de Harold Pinter, " Funeral" de Thomas Vinterberg, "Demônios" de Lars Noren, "Os sete gatinhos" de Nelson Rodrigues e “Um Tartufo”, de Molière. As características principais dos trabalhos da companhia são a excelência dramatúrgica, atrelada a uma pesquisa interpretativa, fruto do estudo aprofundado do método das ações físicas de Constantin Stanislavsky.

Em celebração aos dez anos de atividades, em 2018, a companhia estreou o espetáculo "Um Tartufo". O projeto tinha sido contemplado pelo edital de Fomento às artes da Prefeitura do Rio em 2016, mas não houve aporte do prêmio. Mesmo sendo realizada com poucos recursos, oriundos através de financiamentos coletivos e ações da companhia para levantar recursos, o espetáculo foi um sucesso de público e crítica. A peça foi indicada a mais de oito, dos principais prêmios do teatro brasileiro, inaugurando um novo paradigma na pesquisa do grupo.

Se antes existia uma primazia do texto, com "Um Tartufo" a companhia alça voos para além do realismo, criando um espetáculo concebido em nove meses de ensaios completamente gestual, sem falas, com matizes expressionistas e tendo como base de estudo, a mímica corporal dramática de Etienne Decroux, o treinamento físico Grotowskiano, o cinema mudo e o expressionismo alemão.

O espetáculo “Uma Revolução dos Bichos”, clássico de George Orwell, será adaptado pela autora Daniela Pereira de Carvalho e dará continuidade à pesquisa teatral iniciada pela companhia.

GUSTAVO DAMASCENO 

Formado em mímica corporal dramática e técnicas como máscara balinesa, linguagem afetiva, entre outras. Ministra oficinas e workshops destas técnicas. 

Atua desde 2004, trabalhando com relevantes companhias como Amok Teatro e Cia Teatro Esplendor. Foi indicado ao prêmio APTR 2015 de melhor ator coadjuvante por sua participação em "O Funeral". Em 2016 atuou no espetáculo “Os Cadernos de Kindzu”, do Grupo Amok Teatro, trabalho que lhe rendeu uma indicação ao prêmio APTR 2017 de melhor ator coadjuvante. 

Como diretor e dramaturgo, é integrante da Outra Cia, desde 2011, encenando “Baseado na Rua de Trás”, “Apocalipse Naquela Esquina” e atualmente dirige e escreve o próximo espetáculo do grupo, o infantil “̈Gênese ou a Criação do Mundo Naquele Pátio”.

De seus trabalhos como ator, destacam-se “Festa de Família”, de David Eldridge, “O Funeral”, de Tomas Vinterberg; “Um Tartufo”, todas sob direção de Bruce Gomlevsky. Em 2019 estreou “Jogo de Damas” com o grupo Amok Teatro, espetáculo inspirado na obra de Samuel Beckett. Em 2022, estreou como protagonista no espetáculo “Uma Revolução dos Bichos”, inspirado na obra de George Orwell, sob direção de Bruce Gomlevsky. Espetáculo indicado ao Prêmio APTR como Melhor Direção e Melhor espetáculo.

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