Cultura - Educação

Paulo Markun reúne expoentes da reabertura política e lança livro que conta a história definitiva

15 de Outubro de 2014

Cinquenta anos após o golpe militar e trinta após as diretas, o autor e jornalista Paulo Markun lança Na Lei ou na Marra – 1964-1968 e Farol alto sobre as Diretas – 1969-1984. Editadas pela Benvirá, selo editorial da Saraiva, as obras são resultado de quatro anos de pesquisa e mais de 70 entrevistas com personalidades que marcaram a redemocratização brasileira, compondo um abrangente painel da história política recente do País. O evento de lançamento acontece no dia 23 de outubro, às 19 horas, na Saraiva do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo.

Markun, ao longo da obra, visita momentos de suma importância da história do Brasil, desde os bastidores da reunião do Conselho de Segurança Nacional que desenhou os detalhes do AI-5, seis meses antes de o ato ser decretado por Costa e Silva, até os momentos prévios da posse de José Sarney como presidente da República. A obra conta com documentos até então inéditos, como os do Cenimar sobre o Congresso da UNE de 1967, pouco conhecido e decisivo para os grupos que embarcaram na luta armada.

O autor dá voz a personagens como Sarney: “Eu não queria assumir. Recebi telefonemas a madrugada inteira, com a posse marcada para a manhã. O Ulisses (Guimarães) era o nome para assumir”; o cantor Roger Moreira, que conta como a músicaInútil se tornou um dos hinos das Diretas, e Thelma de Oliveira, esposa de Dante de Oliveira (autor da emenda que pediu voto direto para presidente), que narra o crescimento da iniciativa perante a população e como ela foi idealizada, por Dante e por seu pai. E há muito mais.

Projeto Brado Retumbante

Ao longo da produção do livro, Markun criou o portal www.bradoretumbante.org.br. Com patrocínio da Uninove- Universidade Nove de Julho e do ICD- Instituto de Cultura Democrática, Brado Retumbante traz depoimentos, gravados em vídeo, de políticos, artistas, sindicalistas, intelectuais, jornalistas. Pessoas como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, os senadores Eduardo Suplicy, Álvaro Dias, Cristovam Buarque, Roberto Requião, Marta Suplicy e Aloysio Nunes Ferreira, o ex-ministro e governador José Serra, os jornalistas Mauro Santayanna, Ricardo Kotscho, Franklin Martins, Marcelo Tas e Carlos Nascimento e os artistas Roger Moreira, Fafá de Belém, Lucélia Santos e Maitê Proença, entre tantos outros.

Todo o material coletado durante a fase de pesquisa está disponível no portal de forma organizada, traçando uma verdadeira linha do tempo do período. E mais, o portal é interativo. Qualquer cidadão pode participar. Basta clicar nas fotos dos principais comícios das Diretas, que ocorreram de norte a sul do Brasil, e contar sua história. Algumas delas fazem parte do livro.

“Era um sonho antigo, nascido em 1986 e retomado há quatro anos, período dedicado às entrevistas e à construção da narrativa, juntamente com uma equipe de pesquisa. Perseguimos respostas a perguntas essenciais e nem sempre encaradas, como o que levou o Brasil a abandonar a democracia e quando e como se materializou a face mais dura da ditadura, com o AI-5. Fizemos algumas descobertas”, relata Markun.

Paulo Markun

Paulo Markun nasceu em São Paulo, em 1952. Jornalista desde 1971, já foi repórter, editor, comentarista, chefe de reportagem e diretor de redação em emissoras de televisão, jornais e revistas. Por dez anos, apresentou o programa Roda Viva da TV Cultura, entrevistando mais de 500 personalidades. Presidiu o Santacine, Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de Santa Catarina, onde vive desde 1998, e a Fundação Padre Anchieta de São Paulo, responsável pela gestão da TV Cultura, Univesp TV, Multicultura, Cultura Brasil e Cultura FM.

Markun criou veículos de comunicação como o Pasquim São Paulo, Imprensa, Radar, Deadline, Jornal do Norte; escreveu treze livros, como Anita Garibaldi, uma heroína brasileira, O Sapo e o Príncipe e Cabeza de Vaca, que foram finalistas do Prêmio Jabuti, além de 1961 - O Brasil entre a ditadura e a guerra civil, editado pela Benvirá, e escrito em parceira com Duda Damilton.

Markun foi finalista do Prêmio Juca Pato como intelectual do ano em 2005 e escolhido como melhor executivo de comunicação em 2007, pelo voto direto dos jornalistas no prêmio Comunique-se. Tem ainda o prêmio de melhor biografia da Associação Paulista dos Críticos de Arte para Cabeza de Vaca, em 2009.

Na área de televisão, documentários e vídeos foi escolhido melhor apresentador de televisão 1983 da APCA, pelo programa São Paulo na TV, da Abril Vídeo; recebeu Menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog, pelo documentário Timor Lorosae, o nascimento de uma nação que também foi finalista do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro 2001, na categoria Produção Cultural para televisão. É idealizador e diretor das séries de televisão Habitar Habitat (melhor série latino-americana em 2014) e Arquiteturas e Retrovisor, pelo SescTV e TV Brasil.

 

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