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Coronavírus: Governo de SP detalha plano para reabrir economia a partir de 11/5

22 de Abril de 2020

O governador João Doria oficializou nesta quarta-feira (22) a retomada gradual de setores da economia em São Paulo a partir do dia 11 de maio, quando termina o período de quarentena no estado determinado para conter o avanço do novo coronavírus. 

O chamado "Plano São Paulo" prevê que de forma "gradual, heterogênea e segura" seja possível a reabertura dos setores que precisaram parar nesta pandemia, embora o governo afirme que 74% da atividade econômica continua funcionando desde 24 de março, quando foram impostas as restrições.

No dia 8 de maio, "se todas as circunstâncias permitirem", o governo deve especificar como cada setor poderá retomar suas atividades e em quais localidades, afirmou Doria.

"Ninguém falou aqui, nem falará, mas é importante deixar claro, que estamos anunciando que no dia 11 de maio não teremos mais nenhuma quarentena. Teremos o Plano São Paulo, flexível, amparado sempre na ciência, na medicina, nas questões regionais, em dados analíticos e também na economia", frisou o governador.

"São Paulo não parou", lembrou Doria. "A reabertura será após o dia 11 de maio. A epidemia atinge de maneira diferente todas as regiões do estado, portanto, serão critérios diferenciados. A economia foi reduzida em função da doença. De nada adianta abrir o comércio se não tem quem compre e colocando em risco seus funcionários.

A medida já havia sido anunciada pelo governador na segunda-feira (20). Em publicação nas redes sociais, Doria afirmou que "a quarentena será mantida exatamente como está, até 10 de maio.

São Paulo é o estado que registra o maior número de casos e óbitos por covid-19 em todo o país. São 15.385 registros, incluindo 1.093 mortes, segundo o boletim de ontem. 

Todos eventos com aglomeração de pessoas estão proibidos no estado. Os shoppings tiveram que fechar as portas, assim como lojas de rua consideradas não essenciais. As aulas nas redes pública e particular também estão suspensas.

Bares e restaurantes podem abrir, desde que vendam produtos apenas para entrega. Supermercados, farmácias, clínicas médicas e odontológicas estão autorizados a funcionar. 

Como vai funcionar

O governo vai levar em conta a situação da epidemia em cada região do estado, a capacidade do sistema hospitalar e a testagem em massa da população. 

Cada setor que venha a ser liberado terá protocolos sanitários específicos, que poderão variar para shoppings, fábricas e escritórios, por exemplo.

"Em hipótese alguma faremos uma abertura desordenada, com flexibilização aleatória ou desrespeitando os critérios da saúde e da ciência", disse a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.

Será utilizado um sistema de mapeamento das regiões mais críticas, com uma escala de classificação: vermelho, amarelo e verde. Este último nível vai considerar o baixo número de casos, baixa taxa de ocupação de leitos de UTI e testes de covid-19 disponíveis.

No momento, as regiões de São Paulo estão em vermelho ou em amarelo. 

"Estamos na fase de ascensão da curva, ela é setorial. A verdade da área metropolitana de São Paulo é diferente do interior e, seguramente, a do estado de São Paulo [é diferente] de outros estados. Por isso que nós temos o monitoramento constante, diário, para o entendimento do dia a dia. Perseguimos a geografia, a geodistribuição [da doença], curvas epidemiológicas, curvas estatísticas diárias. Acompanhamos justamente para gerar a melhor e mais segura informação", detalhou o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, David Uip.

A testagem rápida, que detecta os anticorpos e identifica quem já teve contato com o vírus, é outra base para garantir a reabertura da economia.

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que já existe um plano para a realização desses exames em setores específicos, como segurança pública, profissionais da saúde e demais serviços essenciais. 

Quarentena

O isolamento social começou em todos os 645 municípios paulistas no dia 24 de março e foi prorrogada duas vezes: uma até o dia 22 de abril e a segunda, até o dia 10 de maio.

Em entrevista coletiva, no Palácio dos Bandeirantes, João Doria justificou a decisão como forma de "evitar o colapso" dos sistemas de saúde público e privado. 

A meta do governo é de manter o isolamento social em 70%, que permitiria atender os pacientes com covid-19 dentro da capacidade dos hospitais do estado. No entanto, o Centro de Contingenciamento tem considerado adequada a faixa entre 50% e 60%.

Mesmo as "cidades campeãs", com a maior taxa de isolamento, não conseguiram atingir a meta. A taxa de isolamento social na capital e no estado na terça-feira, um feriado, ficou em 57%, segundo o governo. 

"Das cidades com maior índice de isolamento no estado, na data de ontem, nenhuma cumpre a meta de 70%

A primeira da lista é São Sebastião (67%), seguida por Ubatuba e Cruzeiro (64%), Lorena (63%) Caraguatatuba e Ribeirão Pires (61%), Itanhaém, São Vicente, Mairiporã, Caçapava, Cajamar, Caieiras, Bebedouro e Pindamonhangaba (58%), Ibiúna e Poá (57%), Itapecerica da Serra,Votuporanga, Pirassununga e Guaratinguetá (56%).

Os números são obtidos a partir de informações fornecidas pelas redes de telefonia móvel e não são individualizados, para não haver violação da Lei de Proteção de Dados. 

Protestos

Durante o feriado, manifestantes protestaram contra as medidas de isolamento social do governo do estado.

No sábado (18), uma carreata percorreu percorreu mais de 10 km e terminou durou cerca de oito horas em um trajeto que começou perto da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e terminou na altura da Ponte Estaiada, na zona sul de São Paulo.

Nesta quarta-feira, Doria criticou os atos e chamou os manifestantes de "defensores e amigos do vírus e inimigos da vida".

O governador disse que a polícia vai impedir que avenidas em qualquer cidade do estado voltem a ser fechadas.

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