Colunistas - Rodolfo Bonventti

O sambista que tinha um estilo romântico

20 de Outubro de 2020

Ele nasceu Antonio Gilson Porfirio na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, em 10 de agosto de 1942. Passou a infância no Morro do Juramento e ficou órfão de pai ainda criança.

Foi office boy, transportador de bagagem e técnico da extinta Telerj, mas o samba falou mais alto e de voz afinada e comum estilo mais romântico e sensual de cantar sambas, surgia em 1974 o cantor Agepê (uma abreviação dos seus três primeiros nomes).

E Agepê não estava para brincadeiras! Seu primeiro compacto simples com a canção “Moro onde não mora ninguém” foi um sucesso absoluto e vendeu muito com o jovem sambista alcançando os primeiros lugares das paradas de sucesso.

Agepê definia sua música como um samba romântico que misturava às vezes um pouco de baião, com umas pitadas de afoxé e de outros ritmos que o tornavam mais dançante e sensual para o público. E a receita agradou em cheio e o público brasileiro rapidamente transformou o carioca Agepê no sambista que mais vendia discos e realizava shows e apresentações nos programas de TV no final dos anos 1970 e início dos anos 1980.

O maior sucesso veio com o samba “Deixa eu te amar”, que estava incluído na trilha sonora da novela “Vereda Tropical”, um grande sucesso do horário das 19 horas, na TV Globo, em 1984. Com essa música como carro chefe do seu disco, Agepê conseguiu a façanha de lançar o primeiro disco de samba que conquistou a marca de mais de um milhão de cópias vendidas no País.

O cantor também era compositor, e boa parte das músicas que gravou era de sua autoria. Ele também fez parte da ala de compositores da escola de samba Portela e sempre se apresentava na quadra da agremiação.

Agepê se apresentava sempre interpretando seus sambas elegantemente vestido, de preferência com um terno de cetim branco e sapato da mesma cor, muito diferente da forma como os sambistas se vestiam nessa época.

“Menina de cabelos longos”; “Cheiro de primavera” e “Me leva” foram outros grandes sucessos do cantor e compositor, que também foi um dos poucos intérpretes a ter autorização para gravar uma música composta por Roberto e Erasmo Carlos. Ele deu uma nova versão para a romântica “Cama e Mesa”, que na sua voz se transformou em um samba romântico.

Agepê nos deixou em 30 de agosto de 1995, com apenas 53 anos de idade, vitimado por uma úlcera que se complicou por causa da diabetes que o cantor possuía. Ele passou dois dias em coma e morreu na Clínica São Bernardo, no Rio de Janeiro, mas foi um dos maiores intérpretes da nossa música nos 20 anos que durou a sua carreira.

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