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Covid-19 adia projetos profissionais no exterior e alternativa é investir em networking

7 de Junho de 2021

Com a pandemia, o número de brasileiros que deixaram o País em 2020 foi 12% menor do que o registrado em 2019, segundo a Receita Federal

A pandemia de Covid-19 fechou fronteiras e impactou os planos de muitos profissionais que buscavam oportunidades no exterior. Em 2020, a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, ligada ao Ministério da Economia, recebeu 20,9 mil declarações de saída definitiva do País em relação a 23,7 mil registradas em 2019, contabilizando uma queda de quase 12%.

A Austrália, por exemplo, um dos destinos preferidos de quem sai do Brasil, de 1º de julho de 2020 a 31 de março deste ano (última atualização), concedeu visto de trabalho temporário a 340 brasileiros, enquanto no mesmo período do ano passado foram aprovados 540 vistos, segundo dados do Departamento de Imigração e Proteção de Fronteiras. No período de 2018 e 2019, 470 brasileiros conseguiram o visto; já no intervalo de 2019 e 2020, foram expedidos 320 documentos.

O programador Augusto Plastino Duarte, 24, está entre os que foram impactados por essa situação. Depois de um ano trabalhando como estagiário em um banco de investimentos na capital paulista, a efetivação chegou e, com ela, a chance de fazer um treinamento de quatro meses, com todas as despesas pagas, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. "Minha ida estava prevista para o início do segundo semestre de 2020, mas, com o avanço da pandemia, a viagem foi cancelada e o curso foi aplicado on-line. Aprendi muito, mas gostaria de ter vivido essa experiência presencialmente, de ter feito o networking e conhecido outra cultura", conta.

A pandemia de Covid-19 também anulou o sonho de um pesquisador de 30 anos, que prefere não ser identificado. Depois de concluir um doutorado sanduíche, por meio de Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE/FAPESP), na Universidade de Nebraska-Lincoln, em maio de 2020, ele foi convidado por um professor a voltar para fazer um pós-doutorado, mas teve que adiar. "Eu estava terminando meu doutorado aqui no Brasil e tive que pedir prorrogação, porque uma análise atrasou. Combinei com ele de ir em julho, o que não deu certo, e postergamos porque também não havia como sair do País. Em outubro, quando consegui finalmente defender minha tese, a bolsa que teria acesso teve seu prazo de implementação expirado", lamenta.

Com a chegada da vacina e a expectativa de retomada gradual de vagas lá fora, o consultor de carreira e diretor geral da Aprimorha, Tadeu Ferreira, acredita que vale a pena esperar. "Investir em cursos rápidos e networking é uma estratégia assertiva para quem visa ou já está em processo de transição para uma carreira internacional. Buscar capacitações mais experimentais, mais técnicas e de curto prazo, e manter uma rede de contatos ativa é fundamental enquanto se aguarda o fim da pandemia, ou, pelo menos, um cenário mais satisfatório de controle da doença e consequente flexibilização dos protocolos sanitários", recomenda.

Por outro lado, quem trabalha em áreas com alta empregabilidade pouco sentiu os efeitos da pandemia. A digitalização dos negócios, por exemplo, precisou acontecer e de forma muito rápida, movimentando o mercado de Tecnologia da Informação (TI). "Profissionais desse segmento foram absorvidos dentro e fora do país, pela alta demanda e porque podem trabalhar remotamente. Quem está focado em construir uma carreira internacional no ramo de tecnologia deve arriscar", afirma o especialista.

Home office amplia oferta

De acordo com Ferreira, embora carreiras de TI apresentem um leque maior de oportunidades neste momento e no futuro, a implantação do home office chegou a outros segmentos e foi bem aceita, ajudando empresas a encontrar e contratar profissionais de acordo com o perfil desejado de qualquer lugar do mundo.

"Há uma forte tendência de continuidade do home office ou, pelo menos, de um sistema híbrido pós-pandemia. Essa flexibilidade movimenta a competitividade do mercado de trabalho, abre portas dentro e fora do País e inova em políticas de compensação entre empresa e colaborador", acrescenta Ferreira.

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